sábado, 12 de julho de 2008

Tarde no mar


A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a Vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com frágil graça de menino

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar…

E sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São asas do sol, agonizantes…

(Sonetos - Florbela Espanca)

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