domingo, 31 de maio de 2009

UM DIA


Um dia quando a ternura
for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,
a tua pele será talvez
demasiado bela
e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,
sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.

.
José Luis Peixoto

sábado, 30 de maio de 2009

POEMA SIMPLES DE AMOR


Minha vida é como um barco
um barco de pesca, não muito grande,
navego a noite, sem conhecer o mar,
mais tenho a lua que me acompanha onde eu vá.

Sei que em aguas turvas vou navegar,
na vida não tem só aguas calmas,
só aguas cristalinas, tem aguas sujas,
barrentas que temos que atravessar.

E é nessas aguas sujas e barrentas que se aprende a navegar,
em alguns portos eu atraquei mais não havia ninguém
em outros não consegui chegar,
hoje tem um porto que chego e me deixa atracar.

Meu porto de aguas claras e cristalinas
meu porto de braços aberto,
meu porto seguro.

Poema e foto Eduardo Poisl

sexta-feira, 29 de maio de 2009

ANJOS DO MAR


As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d’escuma revolvem-se nus!
E quando, de noite, vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear...
E a trança luzente da nuvem flutua...
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham... e o vento dos céus
Vem tépido, à noite, nos seios beijar!...
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar...
São beijos que queimam... e as noites deliram
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar...
Por que não consentes, num beijo de amor,
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?

ALVARES DE AZEVEDO

quinta-feira, 28 de maio de 2009

ESPERAS


Quando penso em esperas, sempre penso em bancos.
Mas sempre em dois bancos.
Assim como quando penso em solidão,
sempre penso em bancos.
Num banco.
Assim, as minhas esperas são sempre a dois.
A minha solidão, às vezes não foi a um.
Mas poucas.
E já não me lembro. Agora, não.
Agora, quando penso em bancos,
penso em dois bancos.
Sempre. E espero.
Tornei-me numa impaciente
que gosta de esperar.
Se alguém vir alguma contradição nisto
eu posso explicar.
O meu problema está em saber
explicar o que sinto. Enquanto espero.
Ah, o tempo.
Só por acaso o tempo está cinzento.
Quando espero o tempo nunca está.
Nunca dou pelo tempo,
desde que aprendi a esperar.

Isabel Faria

quarta-feira, 27 de maio de 2009

FOLHAS AO VENTO


Minhas angústias são como folhas voando,
Chorando ao desprender do ramo que amavam.
As folhas caíram depois da ventania,
Vento que foi cantando, distante,
Levantando a areia da praia
De águas frias, cantantes, coloridas...
Vento agreste levou as folhas para o mar.
Sem mais o ramo para ficar,
vaguearam, rolaram,
Perderam toda a seiva que as adoçava...
O vento sempre as levar,
sem rumo, sem magia
Levou também a brisa doce dos meus versos,
Fez-se outono em mim, tamanho o abandono
De uma alma desfolhada que após o vento
Também caiu...

Sônia Schmorantz

terça-feira, 26 de maio de 2009

DESPERTA, AMOR


São teus meus versos, versos que escrevi,
À luz da Lua, em noites estivais,
A reviver as horas que vivi …
Sonhos de amor que não voltaram mais.

Rolaram meses, anos, na voragem
Do tempo que já tudo destroçou …
Somente, emoldurada, a tua imagem,
Dentro em minha alma, estática, ficou!

Por que não vens, mulher, por que não vens
Dizer-me que me queres tanto, enfim,
Como então me querias, se ainda tens
O coração a palpitar por mim?

Por que motivo tentas esconder,
No olhar furtivo, o amor que te atormenta?
Não turves a alegria de viver,
Que, assim, da própria vida se afugenta?

E dá-me as tuas mãos, as mãos que, um dia,
Afagaram meu rosto, ternamente …
Desperta, amor, que a vida é agonia
Dos céleres minutos do presente! …


José Maria Lopes de Araújo

domingo, 24 de maio de 2009

MINHA NAMORADA


Meu amor é que leva-me de encontro a você.
É tão forte, traz a paz que preciso...
Quero a todo instante estar ao seu lado
É momento, uma vida, é o tempo então parado.
É sentimento tão forte, é saudade em sua ausência.
É o que move o meu mundo e faz-me ter paciencia.
Nosso amor é uma benção, é eterno como o tempo.
Traz seu beijo, sua voz, num breve brisar do vento.
Não sou um homem perfeito, isso posso afirmar.
Mas por minha namorada, sempre tento melhorar.
Conquistar-la todo dia, assim como você faz.
Esses laços tão sagrados, construidos de amor e paz.
Eu a amo, meu amor e a amarei até o fim.
E se não está comigo, sinto falta até de mim.

ILTON ALENCAR

sábado, 23 de maio de 2009

Quando Digo Que Te Amo


Quando digo que te amo
Não estou dizendo nada
Não encontro as palavras
Do tamanho desse amor

Quando digo que te amo
E o que estou sentindo
E o que existe de mais lindo
Ainda é pouco pra este amor

E se alguém me perguntar
Se é possível se medir o meu amor
Eu vou falar
Que o mesmo que contar
Com um conta-gotas
Quantas gotas tem o azul do mar
Mas se você quer saber

O tamanho desse amor que é tão bonito
Eu não sei o dizer
Pois não sei qual o tamanho do infinito

Quando digo que te amo
Eu ainda estou mentindo
Se o que eu digo de mais lindo
Ainda é pouco pra esse amor.

Roberto Carlos

sexta-feira, 22 de maio de 2009

TE ENVIO O MAR


Te envio o mar.
O mar rumoroso que trago em mim,
um mar de sal e conchas que talham os pés,
um mar de areias, poeira, moluscos enterrados.

Te envio o mar que trago nas mãos
e desfio pérolas em contas de lágrima,
alívio, vento no rosto,
maresia e iodo, coral.

Te envio o mar que trago nos olhos,
ardidos, cheios de terra, ondas e espuma,
um mar que pode estar perto de ti,
ainda que estejas longe dele.

Te envio o mar que trago na boca,
salitre, sol, palavras fugidias que
não escutarias com a rebentação.
Te envio o mar que faço em mim.

PATRICIA ANTONIETE

quinta-feira, 21 de maio de 2009

anseio


O sol penetrou pelas frestas da janela,
invadiu o meu quarto,
vasculhou a minha cama,
tentando me acordar.

A claridade me incomodava,
não abri os olhos,
eu queria mais tempo para sonhar!

A vida lá fora me chamando,
e eu aqui, na minha solidão
te desejando,
ansioso por te amar.

E tu onde estás?
Distante de mim,
e ao mesmo tempo aqui tão perto
a me provocar...

Mônica Amélia

quarta-feira, 20 de maio de 2009

CORAÇÃO DE GUITARRAS


Deixem minha alma se perder
onde quiser, até que encontre
seu grande amor de perdição.

Deixem minha alma se render
sem arrogância, sendo de flor
seu grande amor de rendição.

Permitam que ela fique muda
como sombra de minha pedra
no entardecer de uma canção.

Deixes minha alma com a tua
como acordes de uma cantiga
nas guitarras de um coração...


Afonso Estebanez

terça-feira, 19 de maio de 2009

A boca escura


Em cada vento vai-se uma palavra,
igual que cada sonho tem um nome;
e o movimento da primavera,
em sua viagem de volta no outono,
deixa atrás a linguagem que ela olvida.


Sempre a boca tem lábios novos.
Mas sempre é escura porque nunca
consegue o que muda: o testemunho
do tempo que se vai, não o que fica.


Um fogo inaugural, como uma estátua
que quisesse falar, as vozes de um metal
desconhecido dos homens, não
da montanha. E o dever do canto
formosamente relatar a árvore,
não a que vemos e sob a qual sonhamos,
senão a imagem que o rio carrega.

EDUARDO COTE LAMUS
(1928-1964)
Colombiano

segunda-feira, 18 de maio de 2009

'Quietude'


Ah! Essa hora do dia!
O sol nascendo,
A caneca de café na mão,
O frio da terra
Na planta do pé!

É como se na suave luz
Do dia menino
Eu fosse a única criatura
respirando sobre a terra!

E o silêncio!
Ah! Essa quietude bendita!
Nem os grilos acordaram ainda!
Sequer o vento sussurra...
O silêncio se faz macio.
Sou só eu,
E Deus!

Lenise Marques
(e Jean Charles Cazin)

domingo, 17 de maio de 2009

MATEANDO


Absorto,
sorvendo um amargo
e...
num repente
tenho os galpões
de minha mente
invadidos por saudades.

Saudades do porvir,
lembranças
que saem para dentro,
por que ainda não as vivi.

Como um filme
do fim para o começo,
o que seria um tropeço
de desordem,

torna-se agradável
e confortante
como um aviso distante
de que vou envelhecer
junto dos meus.

CÁCIO MACHADO DA SILVA

sábado, 16 de maio de 2009

PROCURA-ME


Não me encontras?
É que não me procuraste!...
Procura-me atrás de tua sombra,
ou na retina de teus olhos claros.

Procura-me entre teus dedos,
ou em tua boca de sândalo.

Eu sou um sopro vivo
à tua vida arraigado.

Procura-me em teu quarto
entre teu sonho alado,
ou pela via rubra
daquele amor distante.

Por cima de teu orgulho,
nas flores azuis dos campos.
Eu estou dentro de ti
como um amor lacrado.

Que não me encontras, tu dizes?
Quando é em tu própria vida
que me perco...
É que não me procuraste!

CARMELINA VIZCARRONDO
(1906-1983)
Puerto Rico

sexta-feira, 15 de maio de 2009

CANÇÃO


Tinha um livro aberto sobre a mesa
uma janela aberta para os telhados

uma porta aberta para a rua
uma vogal aberta no seu riso

as mãos muito abertas e os braços
abertos para um abraço desmedido.

E os olhos abertos e os sentidos
todos eles abertos para o mundo.

Tinha o seu corpo aberto e dava luz
como se diz de um dia a céu aberto.

sobre o caminho aberto que era o seu
e sobre a rosa aberta na sua boca

sobre a cama aberta do seu corpo
o meu nesse abismo mergulhava.

BERNARDO PINTO DE ALMEIDA

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Em tuas águas...


Em tuas águas navego
Em ti resumo o périplo
da minha volta ao mundo.
Fora de ti, não há saída ou rumo
É em ti que me salvo
... ou que me afundo.
Propício ancoradouro
amena enseada
em ti fundeei minha jangada
em tuas águas balouça
o meu escaler.
Fora do teu mar
eu não sou nada sou peixe
que estrebucha na areia calcinada
da praia
... até morrer
Em ti criei raiz
Em ti habito
Em ti me reconheço
Em ti palpito
Em ti eu esmoreço
Em ti resisto
Em ti eu caio
Em ti eu me levanto
Em ti eu choro e rio
Em ti eu desisto e recomeço
Em ti eu vivo
... Em ti pereço.
É de ti
que me nutro.
Em ti mergulho
Tu és partida e meta
a flecha e o alvo.
Em ti se anula e esbate
o meu orgulho
É em ti que me perco
... ou que me salvo

António Melenas

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ROMANCEIRO DAS ÁGUAS


Água da Altura, límpida e sonora,
Aos desejos do vento num descuido,
Tu és da vida a fonte criadora:
Corpo de nuvens ondeante e fluído.

Por teu peito balsâmico de seivas
Há nos montes fartura reluzente:
Domam-se as terras de lavoura, as leivas,
E ergue-se à flor a túmida semente.

Água da chuva em móbil revoltura
No oceano do ar, no firmamento:
Rega divina a que esse artista, o vento,
Dá forma esculturada, a tecitura.

No nebuloso olimpo concebeste:
E à crusta insenta, ressequida e nua,
Trazes perfumes, o frescor celeste
Dos alvos saibros místicos da Lua.

Euritmias moduladas, feitas
Por cadências de versos diluídos:
Bátegas recortando os meus sentidos
De furtivas palavras liquefeitas.

Água que o ar frio arrasta e desencanta:
A que dá vida, a que renova a planta;
Água que antigamente foi suor
No rochedo e na flor.

E baga do suro da tua fronte
na labuta da vida pelo monte
Ó cavador cansado!

Respiração carnosa que ao depois
Foi ser chuva e crepúsculo doirado.

Gotas de orvalho,
Irmãzinhas das lágrimas, vós sois
O suor do trabalho.

Respiração dos rios e florestas
E fumo do meu lar;
E pragas das palavras desonestas
Dos pântanos e charcos ao luar;

Respiração de bocas amorosas
E de hálitos das fontes;
E aroma suavíssimo das rosas...

No longe e fluido olhar dos horizontes
Tudo se casa e funde: e é nuvem densa,
—Habitação de lágrimas suspensa.

AFONSO DUARTE
(1884-1958)
(Cancioneiro das Pedras, 1912)

terça-feira, 12 de maio de 2009

BRUMAS


Nas brumas dos meus silêncios
Nascem visões encantadas,
Com ninfas, bruxas e fadas,
Sonhos de amor, sempre densos.

Nas brumas dos meus silêncios,
Onde os mistérios são nada,
Surgem paixões exaltadas,
Feitas desejos, imensos.

Nascem lembranças, eivadas
De sensações adiadas
E cheiros breves, intensos,

Sem ilusões ansiadas,
Em desespero, guardadas
Nas brumas dos meus silêncios.

Vitor Cintra

segunda-feira, 11 de maio de 2009


Embora sempre tenha sonhado em ser passarinho.
Voar bem livremente, na desmedida amplidão...
Fiz-me etérea, plena, quis escrever meu destino
Queria viver meu sonho casto, paz no coração

Com pequenos galhinhos, construí meu ninho
Lá feliz me aconchegava, preenchendo meus vãos.
A liberdade acabou, quando errei o caminho...
E com a fé inspirada em nadas, voei na contramão

Por viver sem saber, o quanto a vida vai durar
Fui atrás dos meus sonhos, a realidade burlando
Vivi desejos, amei sem limite, uma asa fraturando

A paz rara que construí, desvaneceu-se no ar
É pura ilusão querer respirar outra aragem
Se.levo na mochila, sempre a mesma bagagem...

Glória Salles

domingo, 10 de maio de 2009


Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.

Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.

Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.

Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.

(Lia Luft)

sábado, 9 de maio de 2009

Essência


De onde surgiu tal sentimento,
tão nobre e ardente;
É necessário que descubra...
Pois me tira as palavras
E retira a rima de meus lábios,
Preenche-me com uma saudade...
De morrer em teus braços...
Pois cada abraço é morte....
Para os outros e vida para ti...
Revela-me tua origem, amor...
Por que conheço apenas tua forma...
Conheço apenas teus olhos manifestados nela,
Pois conheço teus colaterais sintomas
Por que a quero cada vez mais...
Sempre, intensamente;
De onde surgiu? De onde veio?
Já não me importo!
Pois chegaste, agora fique!
Quero–te ao meu lado
Presente, intensamente;
Permanece comigo; enquanto o pensamento dela;
Acaricia meu sono...
Enquanto o sorriso de seus lábios,
Permeiam, inundam e invadem meu sonho!
Fica! Permanece...Quero-te
Presente...Intensamente
Pois já não tenho palavras...
Não existem mais rimas...
A beleza se esvai...
Tenho apenas a ela...
E um grande suspiro!


THIAGO RIGONATTI

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Deixa-me te amar


Deixa-me te amar em silêncio.
Não te falarei de amor,
nem te pedirei nada.
Deixa-me pensar que sou amada.
Deixa-me sonhar.

Deixa-me sentir a doce emoção
de estar em teus braços,
sentir o pulsar descompassado do teu coração,
beber no cálice da tua boca,
embriagando-me em teus beijos apaixonados.

Deixa-me sentir a essência da tua pele,
penetrando em meus poros.
Deixa-me navegar em teu corpo,
extasiando-me nas mais belas
e ardentes sensações.

Deixa-me te amar, plena e intensamente.
Quero viver o agora.
Não sei se haverá o amanhã.
Deixa-me viver esse momento,
numa entrega total de corpo e alma,
como se fosse o nosso único e último instante.

Marilda Conceição

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os filhos da nossa alma


Sei que um dia vou morrer.
Quando tal acontecer,
Deixo-te as rosas e o vento,
Deixo-te a chuva e o sol,
O cantar do rouxinol,
Minha alma
E meu pensamento.
Deixo-te a nuvem que passa
E que o vento faz correr,
Deixo-te o encanto e a graça
De uma papoula a crescer,
Deixo-te as ondas do mar
Que se desmancham na areia,
Deixo-te o tênue luar
Em noites de lua cheia,
Deixo-te a flor e a beleza
Dos poemas que escrevi
E deixo-te a natureza...
Quando o teu tempo findar
E tu te fores daqui,
Nalgum lugar hei de estar
Só esperando por ti.
E ao partires, deixaremos
Plantados, como uma palma,
Os poemas que escrevemos.
Os filhos da nossa alma.

José M. Raposo
Imagem. Eduardo Poisl
Itabema SC

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O RELÓGIO


A saudade provoca-me momentos de eterno desconforto.
Esta noite ao navegar por este mar de letras e imagens…
Encontrei a nossa musica?
Tanto amor que esbanjámos ao som desta melodia.

Ainda tenho o gravador?
Nunca mais fui ás nossas dunas?
Mas o mar pergunta por ti…
Se soubesses quantas lágrimas derramo por ver o mar à tua procura.
A Leirosa continua à nossa espera…
Todos ficam tristes quando me vêm chegar, sozinho…

Olho o areal e vejo que não estás lá...
Eu não desisto dos meus sonhos…
A praia um dia vai fazer a surpresa de me tornar feliz…
Serás a prenda que o meu coração deseja.
Mas até que o sonho se realize olho o mar para ver o teu olhar…
Deito-me na areia para sentir o teu amor…

E fico com esta musica, que é nossa…


http://osaldanossapele.blogs.sapo

terça-feira, 5 de maio de 2009

A VIDA


A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave;
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa de ave ferida –
De vale em vale impelida,
A vida o vento a levou!

João de Deus
Imagem. Eduardo Poisl

segunda-feira, 4 de maio de 2009


Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão Ferreira

sábado, 2 de maio de 2009

As velas da Memória-Tempo


Há nos silvos que as manhãs me trazem
chaminés que se desmoronam:
são a infância e a praia os sonhos de partida
Abrir esse portão junto ao vento que a vida
aquém ou além desta me abre?
Em que outro mundo ouvi o rouxinol
tão leve que o vôo lhe aumentava as asas?
Onde adiava ele a morte contra os dias
essa primeira morte?
Vinham núpcias sem conto na inconcebível voz
Que plenitude aquela: cantar
como quem não tivesse nenhum pensamento.
Quem me deixou de novo aqui sentado à sombra
deste mês de junho? Como te chamas tu
que me enfunas as velas da memória ventilando: «aquela vez...»?
Quando aonde foi em que país?
Que vento faz quebrar nas costas destes dias
as ondas de uma antiga música que ouvida
obriga a recuar a noite prometida
em círculos quebrados para além das dunas
fazendo regressar rebanhos de alegrias
abrindo em plena tarde um espaço ao amor?
Que morte vem matar a lábil curva da dor?
Que dor me faz doer de não ter mais que morrer?
E ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde
chegar à boca da noite e responder

Ruy Belo

sexta-feira, 1 de maio de 2009

15 anos sem Airton Senna:


"Se você quer ser bem sucedido,
precisa ter dedicação total,
buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo."

"Correr, competir, eu levo isso no meu sangue.
É parte de mim. É parte de minha vida."

"Se cheguei onde cheguei e consegui fazer tudo o que fiz,
foi porque tive a oportunidade de crescer bem,
num bom ambiente familiar, de viver bem,
sem problemas econômicos e de ser orientado no
caminho certo nos momentos decisivos de minha vida."

"Convivo com o medo de morrer e ele me fascina." (1992)

"Quero fazer algo de especial.
Todo ano alguém ganha o título.
Eu quero ir além disso."

Airton Senna Da Silva

AMOR


é sentir saudade quando não estás junto a mim
é o passeio longo em que nos damos sem falar
é alimentar a alma numa refeição partilhada a dois
é comover-me quando me sussurras palavras do coração
é sonhar-te quando ouço uma canção
é rezar com a Fé inabalável que te sinto
é a tua boca com sabor a mel entre os meus lábios
é entregar-me a ti incondicionalmente
é um chapéu-de-chuva para os dois
é pararmos o tempo no relógio
é procurar um lugar para escutar a tua voz
é o criar de um mundo entre nós dois
é mimares-me... tu
e compreender-te... eu
é um espaço em que não há lugar
para outra coisa que não seja amar...
é algo entre Tu... e eu.

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