quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Os gritos dos pássaros



Os gritos dos pássaros ouvem-se
Ao longe, longe
Como o meu pensamento que voa
Permanente fora de mim.
E se eu te disser que te conheço,
Que te vi em algum lugar,
Tu sorris-me e teus olhos dizem que sim.
Porque tu és eu e eu deixo-te voar
Para fora de ti, e de mim.
És um prolongamento do meu querer,
Do meu ser limitado,
Condenado, encarcerado,
Carregado de pesadas correntes invisíveis.
E tu ris-te!
As tuas gargalhadas desafiam-me,
A tua irresponsabilidade espicaça-me,
E giras em torno de mim.
És um diabrete!
És eu e eu sou tu.
Sem ti morrerei
E tu sem mim desvaneces-te
Como uma núvem fina e suave no céu azul,
E jamais ninguém se lembrará de ti
Quando ouvir o grito dos pássaros.

polen.blogs.sapo.pt/arquivo/2003_12.html

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