terça-feira, 5 de agosto de 2008

PASSAROS E PEDRAS


Pássaros e pedras não podem caminhar juntos!
As pedras criam poeira e musgos;
os pássaros são visgos no ar.
As pedras são rudes, organizam muros;
enquanto os pássaros roçam mundos,
atravessam virtudes.
Pássaros e pedras são únicos,
jamais serão unos.
Como ciscos nos olhos, as pedras riscam;
os pássaros batem pálpebras, aliviam o olhar.
Com pedras se constroem prédios;
a partir de árvores, aprende-se a voar.
Pássaros e pedras nunca estão no mesmo lugar!
Uma pedra no ar agride o azul;
um pássaro dá asas ao sol.
As pedras no caminho lapidam-se em espanto;
os pássaros – companheiros do vento –
aliam-se ao seu instinto.
As pedras não alcançam os pássaros
e rendem-se à gravidade da Terra
caindo sobre suas próprias pernas;
os pássaros avançam acima das pedras
alcançam espermas
irradiam óvulos
e sucumbem à vida eterna!

João de Abreu Borges

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