segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Soneto da Saudade


Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!
.
Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas...
E a te expressar que este amor em nós ungido
Suportará toda distância sem problemas...
.
Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve -
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.
.
Lembrar-te-ás toda a ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos...
Nem a distância apaga a chama da paixão.

Guimarães Rosa

Beijos do Céu


Sonhei-te assim, ó minha amante, um dia:
- Vi-te no céu; e, anamoradamente,
De beijos, a falange resplendente
Dos serafins, teu corpo inteiro ungia...
.
Santos e anjos beijavam-te...Eu bem via
Beijavam todos o teu lábio ardente;
E, beijando-te, o próprio Onipotente,
O próprio Deus nos braços te cingia!
.
Nisto, o ciúme - fera que eu não domo
-Despertou-me do sonho, repentino
Vi-te a dormir tão plácida a meu lado...
.
E beijei-te também, beijei-te... e, ai! como
Achei doce o teu lábio purpurino.
Tantas vezes assim no céu beijado!

- Raimundo Correia

domingo, 28 de setembro de 2008

Deita-te agora


Deita-te agora, a meu lado, sobre o feno,
deixa que o incenso perfume os celeiros
onde adormecemos.

Toca o meu rosto voltado para cima,
como se procurasse no céu as carruagens de
cedro e ouro,
nos caminhos onde me perdi.

Traz-me o cântaro das tuas fontes.
Dá-me a beber a sua água porque os meus
lábios ardem.
Tenho sede.

É Verão, como sabes.
As cigarras eternizam a sua música de pianos
rudes,as rãs destroem a serenidade do lago.
Nunca te levantes; não me voltes as costas.


José Agostinho Baptista

sábado, 27 de setembro de 2008

MEUS PENSAMENTOS


Ah! Meus pensamentos,
Neles, tudo eu posso,
Posso te dar todo o meu sentimento,
Faço e aconteço, neles, jamais te esqueço,
Você não precisa estar aqui, para que eu possa te sentir,
Fecho assim meu olhos, então te vejo,
Tão linda, tão nua e só pra mim,
Durmo em teu corpo, contigo eu amanheço,
Faço amor com você, faço você tão feliz.
Ah! Minha mente atrevida,
Na qual me entrego por inteiro,
Na qual te dou a minha própria vida,
Você se derrete em minha pele
Para que sejamos um só corpo,
Você me invade, e se faz e acontece,
Você me devora e quer tudo de novo,
Vem amor, tão gostosa e perfumada,
Vem pra mim de dia, fica aqui de madrugada,
Pois em meus pensamentos, tu sempre serás amada,
Pois em meu sentimento, quero você e mais nada.

POETASP

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Por distracção¨


Ao fim de tantos anos em silêncio
descobrimos
que uma lágrima ainda sulca o rosto árido.
Com ela cultivamos esquálidos jardins
na varanda solitária
que cuidamos como parte de nós próprios.

Mais tarde, diremos "Bom-Dia"
aos pardais tranquilos no meio das flores
e, do outro lado da rua,
talvez alguém, distraído, nos sorria.

( Manuel Filipe )

JARDIM


Traz-me lírios e malmequeres
Meu amor, quando voltares,
Traz-me ramos de rosas
e túlipas aos pares.

Traz flores que encham,
todas as jarras vazias
do nosso lar.

Traz contigo
beijos e carinho
Em forma de presente.

Em troca,
pinto um quadro
em forma de jardim,
Os dois passeando de mãos dadas
E tu sorrindo para mim.

Poema da Clitie

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Quando digo que te amo


Quando digo que te amo
não estou dizendo nada
não encontro as palavras
do tamanho desse amor .
Quando digo que te amo
é o que estou sentindo
e o que existe de mais lindo
aindo é pouco para este amor .
E se alguém me perguntar
se é possível medir o amor
eu vou falar
que é o mesmo que contar
com um conta-gotas
quantas gotas tem o azul do mar .
Mas se você quer saber
o tamanho desse amor
que é tão bonito
eu não sei o que dizer
pois não sei qual
o tamanho do infinito.
Quando digo que te amo
eu ainda estou mentindo
se o que digo de mais lindo
ainda é pouco para este amor.

Autoria: Desconhecida

Inocência


É amena a hora e o tempo casto.
Na flor, o orvalho da manhã
estende-se em planos
indeléveis, indefinidos, breves,
qual pena em mão de criança
que do sonho nada teme.

E, sorrindo à brisa, se balança
indiferente ao conselheiro sem idade -
exponente pluriforme da morte -
em incauta obstrução à vulnerabilidade.

É amena a hora e o tempo casto.

Da silhueta ténue da rosa-menina
urge afastar densos passos
sobrepostos na tapeçaria da vida.

(Poema de Amita 'Fátima Fernandes')

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Outono


Talvez nunca a ternura fosse tanta
como entre os montes amadurecidos
e quando as casas se elevam
entre o ouro e o fumo da tarde.
Silêncio que parece vir do lento
passado,
vozes que se dão em resignada melancolia
e tomam a forma dos frutos,
vinho e sombra que apagam o mar
nas árvores
onde não tardará o abandono,
memória do que somos.
Repousam sobre a noite os grous
enquanto as cidades crescem à nossa volta
contra o sul vencido.
Vento, ramo e sombra que caem
sobre as janelas ardentes:
lá onde a púrpura se reclina
sobre a água e a beleza
a verdade começa a surgir da espuma.

(Poema de Henrique Dória)

UM DIA


Um dia quando a ternura
for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,
a tua pele será talvez
demasiado bela
e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,
sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.

.

José Luis Peixoto

Amor em paz


Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz

Vinícius de Moraes

terça-feira, 23 de setembro de 2008

FLOR BELA..


Ah rosa bela..
a mais bela rosa..
Mas, não a admiro,
só por ser formosa..
e de extrema beleza
mas a admiro sim,
pela sua simplicidade e nobreza,
pois do caule envolto a espinhos..
corre a mais preciosa seiva..
para revelar ao nossos olhos..
o desabrochar de sua riqueza..
de inspiradores amores..
de uma dádiva da natureza..
de amores inspiradores..
na mais bela,
dentre as flores...

(Nelson vieira)

O Tempo de Ontem


Quero descobrir a rosa que perfuma
este mundo que perdido
nasce, morre e renasce devagar
sem que me possa levantar
e perceber o que perdi...
ou ganhei por nao gozar
as frases que escondi
numa carta por entregar.
Nas mãos do destino
incerto... Libertino...
na força da água que corre
num rio que não pára
duma vida que se move
e aqui escancara
sua raíz... sua razão.
seu pedido de perdão
por ser hoje a vida parada
levada pela corrente
acorrentada pela âncora
pesada e presa na minha mente
perfurada com o teu olhar
mas que fatalmente caiu
nas profundezas do mar.

Cathy

Deixa-me te amar


Deixa-me te amar em silêncio.
Não te falarei de amor,
nem te pedirei nada.
Deixa-me pensar que sou amada.
Deixa-me sonhar.

Deixa-me sentir a doce emoção
de estar em teus braços,
sentir o pulsar descompassado do teu coração,
beber no cálice da tua boca,
embriagando-me em teus beijos apaixonados.

Deixa-me sentir a essência da tua pele,
penetrando em meus poros.
Deixa-me navegar em teu corpo,
extasiando-me nas mais belas
e ardentes sensações.

Deixa-me te amar, plena e intensamente.
Quero viver o agora.
Não sei se haverá o amanhã.
Deixa-me viver esse momento,
numa entrega total de corpo e alma,
como se fosse o nosso único e último instante.

Marilda Conceição

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

DAS COISAS


A bengala, as moedas, o chaveiro,
a dócil fechadura,
essas tardias notas
que não lerão meus poucos dias
que restam,
o baralho e o tabuleiro,
um livro e dentro dele
a esmagada violeta,
monumento de uma tarde
por certo inolvidável e olvidada,
o rubro espelho ocidental em que arde
uma ilusória aurora.
Quantas coisas,
limas, umbrais, atlas, copos, cravos,
nos servem como tácitos escravos,
cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além do nosso olvido
e nunca saberão que já nos fomos.

Jorge Luís Borges

sábado, 20 de setembro de 2008

AINDA FALAMOS DE AMOR


Pisquei,
Ela sorriu com brilho nos olhos
Como se fossem estrelas
De amor

Vi na sua voz
Aquele sorriso de carinho
Expresso no seu olhar.

O meu coração bateu forte,
Fiquei feliz, falamos de amor...

Perguntei-lhe:
Qual o seu maior desejo?
- Ser o seu amor (ela respondeu).
Foi assim...
Como tudo começou.

Aquela piscada, aquele tênue sorriso
Aquele ingênuo diálogo
Foram o prefácio de uma longa
História de amor.

Passaram-se muitos anos...
Ainda pisco p’ra ela,
Ela responde, sorrindo p’ra mim...
Sua voz tem o mesmo carinho,
E... ainda falamos de amor.

(Tarcisio Costa)

NÓS


Eu e tu: a existência repartida
Por duas almas; duas almas numa
Só existência. Tu e eu: a vida
De duas vidas que uma só resuma.
.
Vida de dois, em cada um vivida,
Vida de um só vivida em dois; em suma:
A essência unida à essência, sem que alguma
Perca o ser una, sendo à outra unida.
.
Duplo egoísmo altruísta, a cujo enlevo
No próprio coração cada qual sente
A chama que em si nutre o incêndio alheio.
.
Ó mistério do amor onipotente,
Que eternamente eu viva no teu seio,
E vivas no meu seio eternamente.

Silva Ramos

Soneto - Adélia Fonseca


Ninguém nas asas da mais leve aragem,
a ti enviou lembranças tão saudosas;
ninguém horas passou tão deleitosas
de amor te ouvindo a férvida linguagem;

ninguém da tua vida na passagem
semeou, sem espinhos, tantas rosas;
ninguém te diz palavras tão mimosas,
contra o peito estreitando tua imagem;

ninguém de alma te deu mais lindas flores,
nem tanto desejou quanto eu desejo,
delas, tão puras, conservar as cores;

ninguém sabe beijar, como eu te beijo;
ninguem assim por ti morre de amores;
ningém sabe te ver, como eu te vejo.

Adélia Fonseca

No tapete da sala...


Sentamos no tapete da sala
Ela me pediu um pouco d’água
Então a beijei como um rio... Ai, rio!
E rimos como dois rios que se apagam
Na imensidão do mundo... Do nada
E ali ficamos unicamente rio... Ai, rio!
Um rio de tormentas emaranhadas
Que segue o caminho dos desejos
Ali mesmo seguimos no impulso
O nosso desejo arrebatador
Que se entende no olhar.
Sussurrei em silêncio:
Oh, meu amor!
Eu a olhei nos olhos e ficamos
A nos olhar por um longo segundo
A fitar nossos desejos.
A emoção de nos beijar
Sem o toque das mãos
E somente com os lábios.
A emoção de sentir meus lábios
Contornar e beijar seu dorso...
Ah, Eu a abracei com meus lábios, quente!
E ela me abraçou com suas pernas, quente!
E ali ficamos como um rio...

Poeta da Lua

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

É Outono


Faço um barco de papel e embarco, rumo às cenas
baralhadas de um sonho qualquer.
É outono e não sei dizer quem sou ou o que quero ser.
Os meus olhos são rios de palavras afogadas,
onde só posso ver a minha imagem disfarçada de mim.
Percorro então, uma a uma, as horas por viver
e descubro um arco-íris na minha boca
a gritar uma insónia íntima.

Dentro do meu sono ainda me perturba
a tua imagem, miragem do meu deserto
vencido, demora da minha espera.
Era feito de mármore o silêncio
dos teus olhos e por ele escorriam
as palavras que eu dizia, como se fossem água.
Esse silêncio doeu na minha voz,
quando as minhas mãos violaram os gestos
e, entre nós, ficou intacto o diálogo.
Sei agora a cor exacta do vinho
com que brindei à primavera em nome
da presença que tu eras e hoje, ao recordar-te,
sublinhei o sentido dos sonhos e do vento.
Foi o tempo em que a neve presente no teu rosto
gelou os meus lábios até à transparência.

Georges Seurat

A nitidez do tempo


A quem anunciarei a súbita clareira,
onde a lua do meio-dia
anula a morte das aves nocturnas?
Há uma cilada de palavras a envolver a volúpia,
no vértice de um sexo quase puro.
A vigília do poema acende-se numa linguagem única
e a forma adejante das letras traça ficções de solidão
nas minhas veias, por onde circulam ódios e paixões.
Qualquer eternidade me aguarda,
porque ouço a nitidez do tempo retocando o meu olhar.

Alex Jawdokimov

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

AMOR



O amor eleva-se no ar
Flutua em profundo olhar...
Beija perdidamente o espaço da tua boca,
Perde-se em teus cabelos,
Desliza em teu pescoço...
Descobre teu coração!
Eleva nosso momento
Desnuda-se o céu
Brilha em nosso olhar!
Acompanha as suaves formas de
nossos corpos tão próximos
Trêmulos e felizes...
Amor solto na noite
No amanhecer, na aurora
Do nosso despertar!
Amor,
Perdido de amor
Por nós...

P@ulo Monti

terça-feira, 16 de setembro de 2008

LINHAS QUE LHES ABREM OS TRILHOS


Dá-me as tuas mãos sem tempo
e deixa-me ler nelas as linhas que lhes abrem os trilhos tão teus...
Sinto, no sorriso dos teus olhos,
que sempre me soubeste no percorrer desses trilhos;
que sempre me sentiste caminhar nos passos
do encurtar das distâncias e do aconchegar das almas.
Sabias que a minha pele se vestiria do teu corpo
e que viajaria em movimentos ondulados de prazer,
por entre o éter e as sombras das estrelas,
como se ao ritmo de uma valsa lenta,
perdida na transcendência dos nossos braços, agora alados.
Sabias que ao redor dos nossos beijos
se formaria uma aura em tons de prata e luar;
e que de nós o suor escorreria em suaves gotas de orvalho fresco,
a adornar a madrugada e as margens
de um sonho que foi rio em nós!
Tu sabias!
E sentias que do rasgar das minhas entranhas
germirariam magnólias de pétalas de cetim do branco mais puro,
que te cobririam o peito no sabor dos
beijos-veludo e te saberiam a pedaços de mim...
Dá-me essas tuas mãos sem tempo...
faz delas viagem ao logo de mim
e deixa-me sentir nelas as linhas em que eu nasci,
porque eu sinto, no sorriso dos teus olhos,
que sempre me soubeste dentro de ti;
que sempre me sentiste a crescer mulher... assim!
Dá-me as tuas mãos sem tempo...
quero mostrar-te, nessas linhas, que foi sempre nelas que eu vivi!

Cris (Do Silêncio e da Pele)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

SEMPRE TE AMAREI


Eu te amo assim
Do meu jeito, com desejos
Um amor gostoso e sem fim
Envolvendo-me em teus beijos
Do meu jeito, Carente
Amor com cheirinho de jasmim
Querendo você sempre presente
E bem pertinho de mim
É assim que te amo
E sempre te amarei

domingo, 14 de setembro de 2008

Nunca é demais...



Nunca é demais
Ouvir de teus lábios
Amo você

Nunca é demais
Saber que teus olhos
Fixa aos meus
Com amor

Nunca é demais
Sentir teus braços
Ser aconchegado
Neste ninho de amor

Nunca é demais
Sentir teu gosto
Saborear teus beijos
Beijos de amor

Nunca é demais
Sentir teu corpo
Ser teu desejo
Ser teu amor

Clara M Maciel

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pai, saudade!



Eu lembro do meu pai quando estou alegre,
quando estou triste,
quando acontecem coisas boas
ou quando acontecem coisas ruins.
Estou sempre lembrando dele.
Hoje já faz um ano que ele partiu,
hoje falar dele me traz tristeza,
e recordações. Antigas emoções.
No meu coração ficou uma enorme
e intensa saudade,
porque não mais verei o seu
sorriso e não mais escutarei sua voz.
é impossível não pensar nele,
querer homenageá-lo também. Saudade!

PAI
Me perdoa essa insegurança,
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu

Lembranças



Leves gotas se iniciam a cair sobre mim
Sem saber o fim, fico pensativo
Sem ter motivo, começo cantar
Qualquer canção, sem nenhuma especial
E sem qualquer mal no coração
Canto uma canção de ninar
Que ouvi quando ainda criança
E então as lembranças da infancia
Começam a surgir sem parar
Lembranças do cavalo de pau
Da bicicleta azul
Lembranças de uma pessoa especial
Que me faz parar de pensar
Pois as gotas que caem do céu
Já se misturam com as que cai de meus olhos

palavras-de-amor.blogspot.com/2008_01_01_arch...

CHUVA-LUZ PARA MULHER SEREIA


Por que olhar para cima?
Por que semimergulho no mar?
Braços querem abraços,
mãos dançam música sincera
em apertos do coração.

A luz redesenha chuvas e marcas de seios,
louros cabelos, pele de pêssego:
mulher-sereia,
mulher inteira, mulher sim, mais do que mulher...

E porque sensível e linda,
enigmas suspiram no vento sul,
nos mais róseos acalantos.

Wanderlino Arruda

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

CLAVE DE SOL


Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
vou pôr nas tuas as minhas mãos.
Quero senti-las belas, longas e esguias
tocar nas minhas sinfonias
em si bemol.
Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
quero que ponhas toda a ternura
nas pontas dos teus dedos
e com eles toques meus lábios
desvendes meus segredos
e com eles desenhes claves de sol
nos meus cabelos.
Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
vou pôr nas tuas as minhas mãos
para que nelas possas ler
na minha sina
esta paixão imensa, desmedida
este enorme si bemol
na clave de sol da minha vida ...

blog comorosasdeareia

AS PALAVRAS


São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

terça-feira, 9 de setembro de 2008

MEU AMOR



Quando estou com você
Tudo fica mais lindo
Quando estou com você
O sol brilha mais forte
O mel fica mais doce
E passo a ser mais eu
Pois sem você
não sei nem mesmo quem sou
Meu amor
Quando não está aqui
Sinto falta de mim
Pois só me encontro em seus beijos
Só me encontro em seus braços
Pois só me encontro....
...quando encontro você!

palavras-de-amor.blogspot.com/2008_01_01_arch...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As mãos, os barcos, o olhar


No verão, os mastros têm o brilho
intenso do sal e da água.
E são como as tuas mãos :
levemente inquietas,
levemente acesas,
levemente inocentes.
Não sei o que procuro nos teus olhos.
Talvez uma pretérita adolescência.
Ou um mar.
Ou um barco feito às ondas.
O que digo pode parecer paradoxal.
Encostada ao passado,
o coração tornou-se-me tão frágil
e, simultaneamente tão cruel.
Mas os teus olhos,
os teus olhos perpetuam nos meus
a claridade das manhãs,
a chegada dos pássaros
e este estranho fascínio de te amar.

Edouard Boubat

domingo, 7 de setembro de 2008

Pelo interior do mito



Os veleiros aproximam-se dos portos
pelo interior do mito. Um perfume nocturno,
impregnado de limos, devolve-me as palavras
que sobrevivem ao desapego dos braços.


Quando os barcos, fatigados das marés,
já me adormeciam no olhar, falaste-me
do mar intranquilo no teu peito e dos veleiros
amarrados nos teus pulsos.



Duncan C. Clark

sábado, 6 de setembro de 2008

Doce Mulher !


Doce mulher que encanta,
bela na vida um sorriso,
no corpo um desejo canta,
suave movimento preciso.

Doce mulher magia,
bela na noite de verão,
no corpo uma fantasia,
suave gosto da paixão.

Doce mulher cadente,
bela na estrela brilhante,
no corpo marca do dente,
suave sabor amante.

Doce mulher poesia,
bela no verso refrão,
no corpo molhado arrepia,
suave cheiro tesão.

Doce mulher poema,
bela no texto final,
no corpo desenha cena,
suave êxtase carnal.

Angelo Sansivieri

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

No meio das palavras


Quando, nos lábios, começa um continente,
suspenso no apelo líquido dos beijos,
há um barco que cresce nos meus olhos
e, entre búzios verdes, escrevo água.

Nunca a brisa se demora entre as dunas,
onde os barcos navegam sobre a espuma.

Tudo é secreto, se maio se repete
nas marcas da pureza recusada.

Um rosto ou um rio me fascinam,
quando a raiva e o sossego
me revelam a nascente
e, no meio das palavras,
procuro apenas um gesto
ou uma sombra.

Luciana Abait

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Revelação



Sempre amando
quero sentir a tua pele
num elétrico arrepio
sentir um só ruflar de coração
eu, você,
num desejo de explosão.
Sempre amando
a cada beijo teu
a cada palavra
doce ou erótica
em murmúrios de tentação.

Sempre amando
quero me perder no teu corpo
macio vivo nu
e sob este olhar de paixão
trêmula fazer do meu
uma doce revelação.

NOSSO MOMENTO


Nosso momento,
em que transformamos nossas vidas
que nos conduzimos sempre na mesma direção.
O encontro,
o beijo,
o abraço...
Não te vejo,
mas sinto suas mãos a me procurar
e deixar que eu sinta a magia do carinho.
E no desespero de não poder
ver seus olhos,
entristeço,
me desconheço,
enlouqueço,
buscando um sentido para tudo isso,
tentando reanimar o coração
que desfalece ao lhe ver chegar...
Nosso momento,
que minimiza a ânsia da espera,
mas traz consigo o atrevimento
de querer estar mais juntos,
e ainda acreditar que pode ser real.
Realidade,
não sabemos ao certo...
Na incerteza colocamos nossas esperanças
nossos sonho
Sonhar,
buscar,
amar...
No amor acreditar
ter a promessa de um encontro...
Encontrar,
e poder assim,
nos olhar,
sentir,
sorrir,
dar continuidade a tudo.
Não deixar que acabe o desejo,
que nasceu das palavras escritas,
do trocar mensagens carinhosas,
que nasceu da descoberta
dos nossos sentimentos..
Desejos,
fatalidade de uma carência contida,
da busca desesperada pelo amor verdadeiro...
Eu e você,
na distancia de corpos
na proximidade dos nossos sentimentos,
a se revelar,
a sobreviver,
a transbordar,
e permanecer na espera...

Vilma Galvão

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

LOUCURA DE TE AMAR


Quero sua boca louca e sedenta,
desejos lambuzados em um beijo,
o prazer, simples, capaz e forte,
alguns toques e tiques mágicos.
Quero nossos lençóis retorcidos e manchados,
as marcas em corpos avermelhados e suados,
podemos, queremos mais,
os olhos, os lábios, o corpo, a cama.

Sou o beijo que molha sua nuca,
a mão firme que envolve seu corpo,
o tesão que te faz mais louca,
os sons dos gemidos que fazem eco.

Preciso de todas suas loucuras,
aquele jeito que cavalga meu corpo,
o minuto de gozo que parece eterno,
todos os prazeres juntos e separados.

Nossos corpos não nos estranham,
um arrepio frio corre por suas costas nuas,
ao perceber carinhos, vibra, vira vida,
a ternura invade, sem tréguas tomo tudo.

Quando te amo, te amo,
não só o gozo, o jeito de amar,
adormecida, calma, impura, amo,
antes da loucura, te amo como louco.

Caio Lucas

UM SOL DIFERENTE


Que apesar de todas as dificuldades,
apesar de algumas tristezas que insistem,
mesmo com essa montanha erguida,
o sol possa ser seu presente mais doce.

Desejo ao seu coração o querer que ele quer.
Que dentre as palavras que ele sussurra em seu peito
sejam ouvidas aquelas que cantam a liberdade.

Que você esteja atento para o sopro da sua vontade e
jamais desista dos seus passos em direção à verdade.
Desejo que a sua percepção acorde mais plena
no calor de um sol novo e renovador.
Que ele encoraje as atitudes que estão querendo respirar.
Aquelas que sempre são substituídas.
Aquelas que não se arrojam por ter os pesos
de conceitos por demais antigos.

Desejo que você aceite seu tempo, seja ele qual for.
Que sinta serenidade na espera necessária para que a
semente plantada brote no tempo certo.
Desejo que sua flor seja inteira,
e mesmo que inicialmente pequena e frágil,
ela lhe traga as luzes de uma estrada azul.
Que a sua sabedoria esteja desperta,
aguardando com tranqüilidade o desabrochar da sua flor.

Desejo a você um sol diferente.
Espalhando seu sorriso pela densidade das nuvens,
simplificando o aspecto complicado de alguns momentos e
mostrando-lhe a fonte essencial para sua sede.

Desejo que, a cada instante,
você desnude mais seu coração e
deixe que nele vibre em tom maior o amor.

Alberto Gomes Ferreira

AMOR



Se o amor for grande...
a espera não será eterna,
os problemas não serão dilemas,
e a distância será vencida.
Se a compreensão insistir,
as brigas fortalecerão-nos,
os fatos farão-nos rir,
e os diálogos marcarão-nos.
Se o respeito prevalecer,
os carinhos serão doces e suaves,
os beijos profundos e cheios de valor,
e os abraços calorosos e confortantes.
Se a confiança existir,
a dúvida se extinguirá,
as perguntas serão respondidas,
e as palavras poderão ser ditas.
Talvez não seja um amor eterno.
E não é um amor doentio,
Nem um amor ideal.
Mas um amor verdadeiro.
Aquele que vence as barreiras
Impostas pela vida e pelas ocasiões.
Aquele que não teme a escolha,
E faz a opção de simplesmente
Ser intensamente vivido.

desconhecido