domingo, 26 de dezembro de 2010

CANÇÃO


No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.


Cecilia Meireles

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL


Clique nas fotos para ver no tamanho real


Hoje, de algum lugar.
Longe destas terras
Um olhar especial de alguém especial
De distantes origens
Um olhar de um justo coração
Que pulsa só a vida
Que sorri porque ama plenamente
Sem jugos, sem conceitos,
Sem prisões

Hoje como ontem
Longe destes céus
Há um encantado olhar só para você
Nesse olhar, nesse fitar.
Vai para você a magia da luz
A simplicidade do perdão
A força para comungar a vida
E a esperança
De dias mais radiantes de paz

Hoje, de algum lugar dentro de você.
Alguém que já o amou muito
E ainda o ama
Diz para você que valeu a pena
Ter estado nestas terras
Sob estes céus
Falando de união, paz, amor e perdão.
Só para você saber
Que hoje é Natal
E poder sentir a força
Que faz você sorrir
E continuar o caminho
Que um dia aquele doce olhar
Iniciou para você!


(Paulo Kronemberger).
DESEJO A TODOS OS MEUS AMIGOS E TAMBÉM PARA
OS QUE AQUI PASSAREM UM FELIZ NATAL COM
MUITO AMOR,PAZ, HARMONIA E SAÚDE

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Poema de Mario Quintana

Por favor, não me analise

Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu…
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.


Amor é síntese

É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.


Mario Quintana

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

HOJE, CONFESSO


Hoje, confesso, acordei com vontade de ser feliz.
Amarrei, até, no pulso o amor-perfeito
que foi secando no meu peito e retomei a velha máxima:
não deixar que qualquer angústia atinja o coração.
Um castelo de areia, é tudo quanto quero
para acostar o meu barco de papel.


Aproxima os olhos da vertigem e estremece
com a luz espessa, que brilha nos teus ombros.
No céu do teu país, as estrelas podem ser barcos,
se quiseres sulcar os mares do coração em desordem.

Graça Pires

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

" PROMESSAS "


Espalham-se pela areia
promessas de amor feitas
ao murmurio das ondas
transformadas em ecos

levadas pelo vento
como as gaivotas
que planam beira mar
água bate nas pedras

tocando leve meu rosto
lavam lágrimas de saudades
uma onda azul balança
na linha do horizonte

poente onde o sol se esconde
a primeira estrela apareceu
a que minha promessa ouviu

ela testemunha de tantas juras
ouviu também na noite escura
o que dissestes e depois partiu

Antonio Campos 07/12/10. 

sábado, 4 de dezembro de 2010

MÃOS NO VENTO



Trago no afago do vento,
perfumes das auroras,
renuncias das lembranças 
que foram embora

Meu horizonte é muro sem vigias
composto de malhas
que fenecem em suas falhas,
como o céu que se aprofunda
num passado que se arrasta noite a fora.

Quando tudo é tão tudo
e ao mesmo tempo é nada,
equilibro a rebeldia do tempo,
no consumo das horas
onde minha alma se reveste de paz

Conceição Bentes
 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

VERSOS AZUIS

Fiz versos azuis
Para cantar o céu e o mar,
Fiz versos de toda a cor
Para falar qualquer coisa de amor.
Fiz versos coloridos para falar
Do pôr do sol na minha praia.
Fiz versos de qualquer cor
Para espantar a solidão.
Fiz versos e mais versos
Para falar dos meus sonhos,
Dos pequenos caminhos,
Das penas e desilusões.
Apaga então as letras e sente
Apenas minhas impressões digitais:
Tua mão na minha
A pensar em nós...

Sônia Schmorantz

terça-feira, 30 de novembro de 2010

PARA TI

Foi para ti que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos vivendo
de um só amando de uma só vida.


Mia Couto
 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lágrima de Amor

Eu sou como a onda que não tem sossego
E levo esta vida cheia de tormentos
Esmago-me de encontro aos rochedos
Gritando assim os meus sofrimentos

Nas longas noites enluaradas
Embalada pelo cantar da sereia
Recordo bonitos contos de fadas
Sou a onda a espreguiçar-se na areia

E a gota de água que das ondas sai
E em noites tristes a deixo rolar
Qual lágrima chorada por minha mãe
Que vai juntar-se à imensidão do mar


Autora: Maria do Céu Oliveira 
 

domingo, 21 de novembro de 2010

A COR DO TEU OLHAR

Falaste comigo…
Ouvi o teu coração de mulher
A alma por vezes é assim,
A saudade é quem lhe dá instruções
E tu vieste saber do mar.

Falaste comigo…
Um momento que me levou a olhar o céu,
Uma lembrança para o resto dos meus passos,
Deixei que caíssem umas lágrimas minhas
Pingos salgados de nostalgia da praia.

Falaste comigo…
Quando eu pensava em ti
Junto do mar sentado na areia da Leirosa,
Falava na saudade de voltar ver os teus olhos,
Sem saber qual a cor do teu olhar.


osaldanossapele 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

DENTRO DE NÓS

Uma capela
nos braços do mar
qual farol, quadro de luz,
pintado a paixão...
Testemunha cúmplice
do amor que nos une...
um ao outro.
Eternidade infinita
desse momento
gritante de sensações,
num encontro
de vontades fervilhantes
que nos enche a alma...
e nos leva para longe,
dentro de nós...

http://alquimiademim.blogspot.com/ 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SINTO TUA PRESENÇA


No som das águas
No canto dos pássaros
Na beleza das flores
E no balsamo que delas exalam
Posso sentir a Tua presença.

No sorriso do bebe
No colo da mãe
Na brincadeira da criança
Com seus coleguinhas
Ao admirar um sono suave
Posso sentir Tua presença.

Num sol que surge
Após uma forte tempestade
Num belo amanhecer
Com raios de sol
Ou no entardecer
Quando ele se põe
Dando lugar à lua e estrelas
Na maravilha do cosmos
Posso sentir Tua presença.

No olhar de um jovem
Que vence as drogas
Na esperança e paz
De alguém que se encontra doente
Na dedicação de pessoas
Que trabalham paras os desasistidos
Desamparados e marginalizados
Posso sentir Tua presença.

Enfim, em cada detalhe
Existente no universo
E gesto de amor
Posso Sentir Sua presença.


Ataíde Lemos

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NUVENS

Encantei-me com as nuvens, como se fossem calmas
locuções de um pensamento aberto. No vazio de tudo
eram frontes do universo deslumbrantes.
Em silêncio via-as deslizar num gozo obscuro
e luminoso, tão suave na visão que se dilata.

Que clamor, que clamores mas em silêncio
na brancura unânime! Um sopro do desejo
que repousa no seio do movimento, que modela
as formas amorosas, os cavalos, os barcos
com as cabeças e as proas na luz que é toda sonho.

Unificado olho as nuvens no seu suave dinamismo.
Sou mais que um corpo, sou um corpo que se eleva
ao espaço inteiro, à luz ilimitada.
No gozo de ver num sono transparente
navego em centro aberto, o olhar e o sonho.

António Ramos Rosa
 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PÔR - DO - SOL


És único, mágico!
Suas cores vão se matizando
Assim como as cores de nossas vidas.
O céu se modifica, nuvens solitárias,
Carregadas, se rendem ao encanto,
Absorvem suas cores vibrantes...
O espetáculo torna-se exuberante!
Paro maravilhada com sua mutação...
Minha alma chora um pranto de alegria
Por tamanha harmonia.
Sinto seu poder invadir meu ser,
Acalmar os medos que senti um dia.
Recordo-me que sempre
Trazia nostalgia, um medo incontido,
Insano,
Inexplicável.
Doente estava.
Hoje, não o vejo como inimigo,
Mas como a mais perfeita transmutação
Da natureza.
Tendo a certeza que amanhã o sol nascerá
Imponente...
E outro pôr-do-sol virá com seu encantamento. 

Neide Salles
Imagens Eduardo Poisl

terça-feira, 26 de outubro de 2010

AMO-TE PELO AMOR

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Amo-te pelo simples ato de amar.
Não espero nenhuma recompensa.
Ofereço-te a minha alma imensa,
mas, sem nada em troca ambicionar.

Amo-te como amam as belas flores,
entre os lírios, jasmins e as violetas,
contracenando com as borboletas,
enfeitando os meus sonhos de cores.

Amo-te, enfim, como se toda a vida,
dependesse deste único sentimento,
o qual traz-me entusiasmo e alento,
para ofertar-te. Oh minha querida!

Marco Orsi

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"SERIA TÃO MAIS SIMPLES"

Seria muito mais simples, se eu não perdesse o ar.
E os murmúrios não evidenciassem o estado ávido
Se me fosse indiferente tão dentro do meu o olhar
Onde originou meus sonhos, irrigou o chão árido.

Como ficar apática a este olhar sôfrego e intenso?
Como ser indiferente a compressão do teu abraço?
Se a conivência da saliva mantém o braseiro denso.
E em todos os vãos de mim, são tuas mãos que caço.

Seria tão melhor na fantasia dos versos permanecer
Não mais hospedar lembranças que volta e meia vem
Trazer confissões e deleites, ancorados neste querer.
Ofuscar esta inquietude que me transforma em refém

No ventre,borboletas inquietas querem o vôo perfeito
Da textura,o calor da pele, minha cabeça em teu peito.

Glória Salles
 

domingo, 17 de outubro de 2010

JUNTO AO MAR

Chego para te ver junto ao mar
È ali que gostas de estar sentada
Procuro no passadiço pelo teu olhar
Olhos que são leais de bela encantada
Chego para te ver junto ao mar
É ali onde a onda é quebrada.

É imaginação sem sentido
Caminhar pela praia na tua procura
Querer ouvir do mar se te sou esquecido
E olhando as gaivotas na minha loucura
É imaginação sem sentido
Chorar de saudade pela tua ternura.

saldanossapele 
 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DO AMOR


Do amor conheci todas as ausências...
todas as tolerâncias e todas as minhas carências!
No amor...descobri todas as harmonias
todas as fantasias e todas as suas alegrias!
Do amor eu encontrei toda a solidão...
toda a paixão e toda a minha salvação!
No amor distingui todos os prazeres
e todos os dizeres e todos os seus deveres.
Do amor eu conheci todos os queixumes...
todos os seus perfumes e todos os meus ciúmes!
No amor eu vivi todos os delírios...
e todos os martírios;
todos os beijos e todos os nossos desejos!
No amor derramei todas as lágrimas...
declarei todas as máximas!
também encontrei todas as flores
com todos seus odores!
No amor deparei com todos os mistérios
e todos os seus critérios!
E todos eu levei...apaixonadamente...a sério!

Do amor desvendei todas as mágicas...
usei todas as táticas e descobri todas
as cartas enigmáticas!
No amor encontrei toda ternura...
toda candura e todas as desventuras!
No amor encontrei toda a riqueza...
toda a leveza e toda a sua pureza!
Do amor percebi toda sua magnitude...
toda a sua juventude e toda sua inquietude!
No amor eu encontrei todos os sabores...
todos os calores e todos os dissabores!
No amor busquei tudo que ele nos traz :
todo bem que ele nos faz...
E de todo o seu Universo descobri a Paz

(Marilena Frade) 
Fotos Eduardo Poisl
 

domingo, 10 de outubro de 2010

ÉRAMOS NÓS


E então, éramos nós
um corpo e outro,
entregues, envoltos
na noite, faróis
Éramos nós

E então, duas peles
de cores irmãs,
trocavam sabores,
rompiam manhãs
Éramos nós

E então, éramos nós
do tempo esquecidos
de carne ,tecidos,
ardendo, a sós
Éramos nós

E então, artistas que somos,
brincamos de cores, com nossos lençóis
Os pincéis que usamos?
Trouxemos guardados, bem dentro de nós
Éramos nós

E mais nada havia,
na casa vazia,
tão cheia de nós
E o tempo de ir,
se aproximava
e a saudade chegava
precisa, veloz
Éramos nós... 

Ana Maria Vergne de Morais