sábado, 31 de outubro de 2009

CAMPO DE MEDITAÇÃO

Clique nas fotos para ver no tamanho real


As estradas que sempre iam,
continuam indo, a despeito de mim
que por hora estou voltando...

Mas quando não houver
mais estradas para quem vai,
suave será a carona dos riachos
que são estradas feitas de lágrimas
de saudade dos amores viajados.

Continuarão, como os dias e as noites,
na direção do reino do nunca mais...
E como as rosas num leito de orvalho,
é possível que eu me reencontre comigo
em qualquer curva do crepúsculo
para o vasto espanto das manhãs
que terei deixado para trás...

E não posso evitar que seja assim:
as estradas levando a memória
do quanto eu ando de rosas
nas veredas do meu jardim...

Afonso Estebanez

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A CONQUISTA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Venho oferecer-lhe uma bela flor,
como prova sincera do meu amor
É uma rosa vermelha,
insinuante, e que se assemelha,
a este raro e inebriante momento,
onde exponho o meu sentimento,
mesmo que não haja luar,
pois é minha intenção
conquistar o seu coração.
Oh minha linda e sensual mulher,
apenas você poderá dizer se quer ,
aceitar este meu pedido,
o qual faço, de um modo atrevido,
em meio a esta penumbra.
Sinto em você um doce encanto
recostada ai nesta amurada,
com seu branco vestido,
e fisionomia de apaixonada .
Aceite, por favor este regalo,
que dou-lhe sem nada exigir,
a não ser sua sinceridade.
Prometo que a amarei de verdade
se comigo você quiser seguir...

Marco Orsi

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

AMO-TE...

Clique nas fotos para ver no tamanho real


"AMO-TE...como a planta que não floriu
e tem dentro de si,
escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor,
vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como,
nem quando, nem onde,
amo-te diretamente
sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar
de outra maneira

a não ser deste modo
em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão
no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos
se fecham com meu sono."


(Pablo Neruda)

SEM TI ...

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Sem ti...

Na solidão da noite, te procuro
Dentro da luz do meu pensamento
Iluminado pela saudade, eu tento
Evitar a lágrima no escuro!

A sinto deslizar, num amor puro
Trazendo o sabor do contentamento
Mas a meus lábios, traz o lamento
Da ausência que chora, amor seguro!

E falo à lágrima, que não sente
O sentimento da dor, que saía
Da minha alma tão claramente...

Que, por não ter a tua companhia
A lágrima vai sair constantemente
Até que venha aquele esperado dia!

Loucopoeta

terça-feira, 27 de outubro de 2009

METÁFORA DA ESTRELA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Preciso navegar na flor dos ventos.
Sem rios sou poesia de concreto
e perco a rima maga do quarteto,
que chega à minha foz a passos lentos.
Preciso naufragar no branco e preto.
Sem eles perco o sol e os pigmentos
que enfeitam as palavras e os acentos,
da mágica das linhas do soneto.
Preciso dos silêncios de uma estrela!
Sem eles sei, jamais posso revê-la,
e a estrada perde o encanto da alvorada...
E sigo a perseguir essa metáfora!
O tempo passa e nunca mudo a tática,
pois sei que na palavra encontro a estrada.

(Nathan de Castro)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PRESENÇA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

(Mario Quintana)

domingo, 25 de outubro de 2009

ACONTECEU

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Aconteceu quando a gente não esperava
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor

Péricles Cavalcanti

sábado, 24 de outubro de 2009

HÁ TUDO EM MIM

Clique nas fotos para ver no tamanho real


O que há no meu coração?
Amor!
Uma sede infinita de amar, de viver...
Amor de mais!
Amor para essa vida
E para todas outras mais.
Amor para toda gente
Amor por toda parte.
Há em mim um furacão de emoções...
A calmaria vem depois.
Depois que amo muito
Que choro muito
Que rio, danço
Muito, muito.
Que beijo o beijo de uma vida
Em apenas um segundo.
O que há então em mim?
Há tudo meu bem!
Todas mulheres, todos desejos
Todas as sensações
Gostos, medos
Todas emoções.
Há tudo em mim.
Tudo!
Há um todo sem fim lá no fundo
Sacudindo por dentro meu mundo...
Fazendo-me sair de mim.

(Carolina Salcides)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

FLORES

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Não quero que a vida
Me pegue na estrada
Qual folha caída,
Perdida no vento.
Nem quero que o tempo
A correr lá fora
Nas asas da tarde
Me faça partir.
Há um desejo estranho
De sonho e de luzes
Nos olhos da face
De quem quer viver.
E a flor despetala
Nas mãos de quem perde
Por força dos fatos
A vez de sorrir.
Por isso é que tento
Compondo meus versos
Ouvir nos espaços
As vozes do ser...
Vagar pelas tardes
E pelos canteiros
No pólen das almas
Que podem sentir.

(Genildo Mota Nunes)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

VOA BORBOLETA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Voa minha linda borboleta.
Vá dizer pra minha amada,
que sem ela não sou nada,
nem mesmo um bom poeta.

Diga que eu tenho saudade,
do nosso amor de primavera,
entre flores, quem me dera
voltar, àquela tal felicidade.

Leva pra ela o meu recado,
diga que não consigo viver,
estou dia a dia, a fenecer,
neste quadro mal pintado.

Posto as mãos numa prece.
Digo as palavras da oração.
Entrego junto meu coração,
que já não vive, só padece.

Marco Orsi

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

OBSCURO DOMÍNIO

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.

Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.

Irreprimível queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilacerada

Penetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,

No oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,

Onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas.

(Eugénio de Andrade)

O VELHO E A FLOR

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A POESIA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


A poesia fala por mim,
Fala da beleza que vejo,
Do amor que sinto
E até do meu desassossego.
.
A poesia fala por você,
Das suas carências e medos,
Fala de seus sentimentos,
e do seu lado sincero e verdadeiro.
.
A poesia fala por todos,
Dos Seus clamores e anseios,
Dos desejos de paz e felicidade,
Fala do amor gerando mais amor.
.
A poesia é o pensamento alheio,
Transcritos nas folhas de papel,
Nas linhas e mais linhas...
Das letras que dançam, fazendo canção.
.
A poesia é a nossa história,
Contada em versos e rimas,
Fazendo brilhar o que vai no olhar...
Sentimentos... coração...

Betânia Uchoa

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O QUE EU AMO

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Amo o silêncio dos lagos,
A viração das campinas,
Amo o céu, a paz dos ermos
E as estrelas peregrinas.

Amo a vida, o espaço, o sol,
A esperança que suponho
Ser minha eterna guarida
Nos trigais loiros do sonho.

Amo as aves intranqüilas,
Nos bosques cantando amores,
Amo a linda primavera
Que traz sonhos, sons e flores.

Amo o remanso das noite,
A nostalgia do luar,
Também amo as pequeninas
Estrelas do teu olhar.


Zoraide Leonel Ferreira

PAGINA VIRADA

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Manhã de chuva, nuvens densas,
Páramo, cinéreo, nostalgia,
O canto do pássaro aqui distante,
Anunciando um novo dia,

Folhas caídas, chão espesso,
Vento da noite de verão,
Árvores nuas, beleza não há,
Procuro respostas, sem encontrar,

Saudade, sentimento e dor,
Invade o peito sem piedade,
Alastra, queima e sufoca,
É brasa viva, crueldade,

Permeia os raios, a terra esquenta,
Folhas molhadas a secar,
Brisa suave das montanhas,
Acalenta minh’alma, ponho a sonhar,

Sonho de uma noite de verão,
Olhando as ondas do mar,
Noite que não volta mais,
Só me resta sonhar,

Página de uma vida,
Alegria, tristeza e ilusão,
Hoje, virada e esquecida,
Diário do meu coração.

Poeta Mineiro

domingo, 18 de outubro de 2009

ENTARDECER

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Sinto a noite chegando
E sei que ainda não fiz nada
Do que vim fazer aqui

Tenho aqui milhares de palavras
A espera de serem ditas
Energia explodindo em meu corpo
Pela tensão de coisas
Na eminência de serem feitas
Tenho uma urgência
Uma ânsia
Que sei que não me deixará dormir

O sol se esconde
E rompe dentro de mim
O arrependimento

De ter calado quando deveria ter falado
Ter deixado as lágrimas correrem pelos olhos
Quando deveria tê-las deixado vazar pela boca
Ter desistido quando deveria ter insistido
Ter mudado lá atrás os atalhos do caminho

Sei que deveria ter feito bem mais
Sei que poderia ter feito tudo melhor...
Mas a noite chega;
Encerra-se mais um dia

Amanhã!...
Amanhã
É mais um dia pra acertar
Com certeza: Não cometerei mais os mesmos erros!

Victtoria Rossini

PAISAGEM VII

Clique nas fotos para ver no tamanho real


Basta um pouco de dia nos olhos claros
como o fundo de uma água, e a raiva a invade,
a aspereza do fundo que o sol lamina.
A manhã que retorna e a encontra viva
não é tênue nem boa: perscruta-a fixa
entre as casas de pedra que o céu encerra.

Sai o corpo pequeno entre a sombra e o sol
como um lento animal, espreitando ao redor,
sem olhar para nada a não ser as cores.
Sombras vagas que vestem a estrada e o corpo
escurecem-lhe os olhos, meio entreabertos
como uma água, e nessa água transluz a sombra.

Os matizes refletem o céu tranquilo.
Mesmo o passo que pisa o lajedo, suave,
quase pisa nas coisas, como o sorriso
que as ignora e perpassa como água clara.
Dentro d'água ameaças furtivas escorrem.
Cada coisa do dia se crispa à idéia
de que a rua, sem ela, seria um vazio.

Cesare Pavese