terça-feira, 30 de junho de 2009

SE UM DIA...



Se um dia te der uma louca vontade
de chorar, me chama,
Não te prometo fazer sorrir,
mas posso chorar com você.
Se um dia resolver fugir;
não se esqueça de me chamar,
Não te prometo convencer de ficar,
mas posso fugir contigo.
Se um dia te der uma louca vontade
de não falar com ninguém;
Me chama assim mesmo;
Prometo ficar bem quietinha(o).
Mas... se um dia você me chamar
e eu não ouvir ...
Vem correndo ao meu encontro...
Talvez eu esteja precisando de você...

(autor desconhecido)
Imagens Eduardo Poisl
Lagoa da Conceição SC

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dualidade


Somos quem somos?
Esta dualidade que me permeia confunde.
Difunde, margeia, semeia caos, candeia
Sem luz, não conduz, contunde, mareia.

Fomos quem somos?
Tempo, areia me enterra ou aterra,
me apoia ou me prende,
me tolhe ou distende,
me cala ou me berra.

Calor e frio, vazio, completo
carente, repleto, sonhador, concreto.
Dualidade, maldade, fiel sem balança,
andança, estaguinação, mansidão, pujança.

Metade de mim arde, a outra congela.
Metade de mim é vida, a outra mazela.
Metade de mim irrompe, a outra afunda.
Metade de mim é glória, a outra imunda.

Seremos quem fomos?
Somos quem somos?
Dualidade, perversidade ou caridade?
Torvelinho, remanso, ação ou descanso.

Não sei! Se alguém sabe me conte.
Mas conte de manso

Jorge Amado
Imagens Eduardo Poisl

domingo, 28 de junho de 2009

SAUDADES


"Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias
que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas
diante de uma música,
não saber como vencer a dor de
um silêncio que nada preenche."

Martha Medeiros

No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
Tão nítido e preciso era o vazio.

Sophia de Mello
Imagens Eduardo Poisl

sábado, 27 de junho de 2009

SOLIDÃO


O que não aconteceu foi
rápido, fiquei para sempre,
sem saber, sem que me soubessem,
como debaixo de um sofá,
como perdido pela noite:
assim foi aquilo que não foi,
e assim eu fiquei para sempre.
.
Aos astros perguntei depois,
para as mulheres, para os homens,
o que faziam com tanta razão
e como aprenderam a vida:
na realidade não falaram,
seguiram dançando e vivendo.
.
O que não passou com alguém
é que determina o silêncio,
e não quero seguir falando
porque eu fiquei ali esperando:
nessa região, naquele dia
não sei o que me aconteceu
porém eu não sou mais o mesmo.
.
PABLO NERUDA
Imagens Eduardo Poisl

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Passarinhando (iou Quintaneando)


O tempo é escasso e as horas são vazias
há tanto o que fazer...e o tempo passa
O tempo é escasso e as horas são vazias

As areias da ampulheta escorrem aos olhos

O tudo se amontoa...e o tempo voa
nas horas vazias o nada me impregna
O tempo é escasso e as horas são vazias

Os ponteiros do relógio nunca param

Há tanto o que fazer...e o tempo passa
Sinto-me cheia, plena, abarrotada...do nada
O tempo é escasso...mas as horas...
as horas são tão vazias!

A vida urge, o mundo urge, o amor urge!

Tanto, tanto a fazer...e o tempo...passa...
E as horas são vazias...e o tempo é escasso...
e a areia escorre...e o nada se amontoa
e eu me sinto cheia...de tudo e de nada!

Mas a vida urge...
E o tempo voa...
E o nada, e o tudo, e as horas

Passam!

Eu...passarinho!

Moniquinha San
Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1065327
Imagens Eduardo Poisl

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Jorge Guimarães


Pintei um jardim, escondi-me lá dentro,
pintei uma casa, tapei-a com hera,
o fumo pintei sumido no vento,
pintei-me a mim mesmo a dormir sobre a erva.
Pintei as flores da cor do solfejo,
da cor do desejo pintei a mulher,
da cor da mulher pintei o que vejo,
a mim mesmo pintei-me da cor do meu ser.
Pintei o azul da cor dos meus olhos,
Pintei os meus olhos cobertos de névoa,
A névoa pintei da cor dos meus sonhos,
Pintei-me a mim mesmo deitado na terra.
O frio pintei da cor dum menino,
a chuva a cair com um som de piano,
pintei um sorriso de branco de lírio
a mim próprio pintei-me de costas na cama.
Pintei minha mãe da cor da alvorada,
minha terra pintei com as cores do que digo,
ao silêncio pintei-o com o gosto da água,
a mim mesmo pintei-me a sonhar de castigo.
Pintei os meus dedos de cor borboleta,
pintei os meus passos de cor solidão,
minha vida pintei com as cores da paleta,
a mim própria pintei-me estendido no chão.

Jorge Guimarães
Imagens EduardoPoisl
Itapema SC

quarta-feira, 24 de junho de 2009

POEMA DA SÔNIA


Senta-te ao lado do meu silêncio.
Não me abraça agora, mas
Escuta as ondas e o meu silêncio...

Senta-te comigo,
Sente o cheiro da maresia e olha
Mar e céu fundidos nesse intenso azul.
Deixe que eu respire o perfume do mar
Pressentindo o calor da tua pele
Sem ainda te tocar...

Deixa que eu perceba o bater do teu coração
Misturando-se ao vai e vem das ondas...
Deixa-me voar em pensamentos
Sem tirar os olhos do mar,
Espera o vento cálido chegar
Para então dizer que me ama...

Ate lá me deixa ficar só assim,
Sentindo a tua presença e o mar
Depois falaremos de amor e mais nada....

Sônia Schmorantz
http://schsonia.blogspot.com/
Imagens Eduardo Poisl

terça-feira, 23 de junho de 2009

CORPO POÉTICO


Sinto as noites despidas de ti
num chafariz de estrelas cadentes
Nas chamas dos teus lábios
em galáxias de desejos

Afogo o meu sangue em doçura
ao sabor do teu corpo
onde navego em pétalas e versos
num corpo poético que és tu
Fecundo cada palavra no desejo
em teu olhar na noite solitaria
Em notas musicais
versos soltos
Nas palavras escondidas
num abraço onde embalo
o meu cansaço

A tua pele
é a musica onde mergulho os meus dedos
O teu rosto:
as palavras que escreves
O teu corpo
que amo em cada verso em silencio
na minha alma despida de olhares

Sinto o teu coração de seda
na saudade que me oprime a memoria
Rasgo o peito
fecundo o teu olhar perdido no tempo de ti

O meu encanto na palavra feita
por ti, em silêncios
onde madrugadas acontecem
gritadas em desertos de sonhos
onde borbulham desejos
de manhas despertas

beijo azul@
http://beijo-azul.blogspot.com/
Imagens Eduardo Poisl

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O LENÇO DELA


Quando, a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos, contudo, já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!

ALVARES DE AZEVEDO
Imagens Eduardo Poisl

domingo, 21 de junho de 2009

ALI


Ali sofreste. Ali amaste.
Ali é a pedra do teu lar.
Ali é o teu, bem teu lugar.
Ali a pedra onde jogaste
o que o destino te quis dar.

Ali ficou tua pegada
Impressa, firme, sobre o chão.
Ninguém a vê sob o montão
de cinza fria e poeirada?
Distingue-a, sim, teu coração.

Podem talvez o vento, a neve,
roubar a flor que tu criaste?
Ali sofreste. Ali amaste.
Ali sentiste a vida breve.
Ali sorriste. Ali choraste.

SAÚL DIAS(1902-1983)
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Imagem 02 Eduardo Poisl

sábado, 20 de junho de 2009

SILÊNCIO


Há o silêncio das estradas
e o silêncio das estrelas
e um canto de ave, tão branco,
tão branco, que se diria
também ser puro silêncio.
Não vem mensagem do vento,
nem ressonâncias longínquas
de passos passando em vão.
Há um porto de águas paradas
e um barco tão solitário,
que se esqueceu de existir.
Há uma lembrança do mundo
mas tão distante e suspensa...

Há uma saudade da vida
porém tão perdida e vaga,
e há a espera, a infinita espera,
a espera quase presença
da mão de puro mistério
que tomará minha mão
e me levará sonhando
para além deste silêncio,
para além desta aflição.

Tasso da Silveira
Imagens Eduardo Poisl

sexta-feira, 19 de junho de 2009

QUANDO


Quando já nada é intacto
quando tudo na vida vem em pedaços
e por dentro me rebenta um mar
quando a cidade alucina
num luar de néon e de neblina
e me esqueço de sonhar

Quando há qualquer coisa que nos sufoca
e os dias são iguais a outros dias
e por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo

Quando o sopro de uma jura
Faz balançar os dias
Quando os sonhos contaminam
Os medos e os cansaços
quando ainda me desarma
a tua companhia
e tudo o que a vida faz
Em mim

Quando o dia recomeça
e a noite ainda te prende nos seus braços
e por dentro te rebenta um mar

Quando a cidade te esconde
e o silêncio é o fundo das palavras
Que te esqueces de gritar

Mafalda Veiga
Imagens Eduardo Poisl
Lagoa da Conceição Florianopolis SC

quinta-feira, 18 de junho de 2009

NAVEGAR EM TEU CORPO


Eu quero navegar assim,
Sentir o êxtase na alma
E morrer afogado assim,
No prazer íntimo
E suave do teu corpo...

Eu quero navegar assim
Em teus mares,
E descobrir os teus horizontes
No tresvario das ondas do teu corpo
Redolente, que induz ao clímax
Do amor ardente, em eternos ares...

Quero mergulhar
Nas profundezas do teu ser,
E tua beleza emergir
Para a atmosfera do amor
Onde nos encontramos sem dor,
E entre suspiros e murmúrios
Entregarmos-nos, para sermos um só...

Quero olhar em teus olhos,
Suaves, melindrosos,
Navegar em teu corpo
Com os meus dedos de afago,
Sentir tremer o teu corpo
Em uma nova explosão de amor,
E agarrar-te como um naufrago...

Para navegar assim,
Nas águas serenas do teu mar,
Ancorar no triângulo desta perdição
E deixar desaguar em nós
As águas de todos os mares,
Em gotículas de suor
Em nossos corpos efeverecentes
Nesta mesma emoção...

E no bálsamo desta navegação,
Deixemo-nos navegar na calmaria
Destas ondas, e no marulho de um beijo,
Deixe que sejamos tragados
Para o íntimo deste infinito mundo
Que é o amor que temos para amar...
Eternamente amar...

Nivaldo Ferreira
Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1292053
Imagens Eduardo Poisl

quarta-feira, 17 de junho de 2009

É O LUAR QUE ME INVENTA


É o luar que me inventa
nesta varanda de prata.
Faz bem pouco, havia apenas
silêncio, e uma alma escassa.

É do luar este conto
solto na espuma do ar,
e que me conta, me sonha
contra ruínas.É o luar

em seu tear me tecendo,
soprando-me uma alma vasta
e as velas desta varanda
em águas iluminadas

por sua lira que respira
este conto - enquanto tarda,
na sombra, a princesa fria
que há de vir me beijar.

Rui Espinheira Filho

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Imagem 02 Eduardo Poisl

terça-feira, 16 de junho de 2009

QUANDO CHEGA A NOITE


Quando chega a noite
o ar cheira a pele...
Aromas de vida,
batimentos do meu peito
encadeado ao teu...
Sinto...
como os teus sentidos
se atam aos meus...
Quando a noite chega
brilhantes astros
tremem no firmamento
do nosso céu...
Cintilam...
invejando o toque de fogo,
com que o Teu olhar
faz Amor...
com o Meu...

http://alquimiademim.blogspot.com/

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Imagem 02 Eduardo Poisl

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CHEIRO DAS MARÉS


O cheiro do mar tão perto
Relembra praia de ternas lembranças...
E eternas também...
Lembra o Príncipe das Marés...
Que retorna após longas viagens...
Que aporta depois do abandono...
Que traz conchas escondidas
E perfumes para o agora...
E eu, terra molhada,
Areia ressequida...
Abro os poros da fantasia.
E o príncipe traz sua sede
Para misturar-se à minha...
Traz seu cansaço para repousar no meu…
E faz cantos dos contos de fadas,
Pois à madrugada, somos crianças também.
Somos sombras revividas...
Luar em cantigas
Ritmo cadenciado nas marés...
E barcos sem porto e sem rumo
A navegar no abraço que acordou.

Ivone Zouain Zuppo

Imagens Eduardo Poisl

domingo, 14 de junho de 2009

UMA LÀGRIMA SENTIDA


Era noite...madrugada.
E nós dois.
no silêncio que envolvia
aquele momento,
nos envolvemos num longo abraço.
E em teus braços,
te beijei os lábios.

Era noite...madrugada.
E na sensibilidade do instante,
você encostou sua cabeça no meu peito,
e deixou correr pela face,
um lágrima serena.

Era noite...madrugada.
Qual o significado do chorar?
Que pensamentos
passaram pela sua mente naquele instante?
que emoção, que sentimento é esse,
que as palavras não conseguiram expressar?
E eu queria acolher seu corpo e sua lágrima,
naquela noite...madrugada,
e guardar por todo o tempo,
aquele momento de sensibilidade,
naquela noite,
no silêncio da madrugada...

J. J. Carlassara
Imagem Eduardo Poisl
Praia da Joaquina. Floripa. SC

sábado, 13 de junho de 2009

Se As Minhas Mãos Pudessem Desfolhar


Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Frederico Garcia Lorca
1898 - 1936
Imagem Eduardo Poisl
Itapema SC

sexta-feira, 12 de junho de 2009

ESSÊNCIA


De onde surgiu tal sentimento,
tão nobre e ardente;
É necessário que descubra...
Pois me tira as palavras
E retira a rima de meus lábios,
Preenche-me com uma saudade...
De morrer em teus braços...
Pois cada abraço é morte....
Para os outros e vida para ti...
Revela-me tua origem, amor...
Por que conheço apenas tua forma...
Conheço apenas teus olhos manifestados nela,
Pois conheço teus colaterais sintomas
Por que a quero cada vez mais...
Sempre, intensamente;
De onde surgiu? De onde veio?
Já não me importo!
Pois chegaste, agora fique!
Quero–te ao meu lado
Presente, intensamente;
Permanece comigo; enquanto o pensamento dela;
Acaricia meu sono...
Enquanto o sorriso de seus lábios,
Permeiam, inundam e invadem meu sonho!
Fica! Permanece...Quero-te
Presente...Intensamente
Pois já não tenho palavras...
Não existem mais rimas...
A beleza se esvai...
Tenho apenas a ela...
E um grande suspiro!


THIAGO RIGONATTI
Imagem Eduardo Poisl

DIA DOS NAMORADOS



quinta-feira, 11 de junho de 2009

FALAR DE AMOR

FELIZ DIA DOS NAMORADOS

Eu queria te falar do meu amor,
mas o amor foi feito,
muito mais para ser sentido,
do que pra ser falado...
Eu queria te falar do meu  amor,
mas o amor existe pra ser escutado,
muito mais pelo som dos nossos beijos,
do que pelas juras e palavras
que saem de nossas bocas...
Eu queria te falar do meu amor,
mas o amor floresce,
muito mais para ser colhido
com a arte de um jardineiro,
do que para ser arrancado
fora de hora do seu pé...
Eu queria te falar que o  meu amor,
embora queira liberdade,
também adora  ser atado
por  abraços apertados,
enrolados em echarpes de seda...
Eu queria te falar do meu  amor,
mas só sei ouvir a música do nosso desejo
quando se materializa,  repetidamente,
entre as notas que ecoam dos violinos e flautas...
Eu queria te dizer muitas coisas,
mas só sei da certeza de te amar
muito mais do eu pensei
que ia  amar um dia!

(Maria Eugênia)
Imagem Eduardo Poisl

quarta-feira, 10 de junho de 2009

ESCUTA-ME


Não digas nada...
fica em silêncio,
enquanto me ouves dizer
que não quero viver sem ti.
Fica em silêncio e escuta-me
quando te digo
que te quero para sempre,
que te tenho no fundo de mim
entre doces e meigas palavras.
Não quero que digas nada
porque apenas te quero reter
na minha vontade de te amar.
E se quiseres dizer alguma coisa
diz-me só
que te queres perder dentro de mim
para que eu te possa guardar,
para sempre,
no calor do meu corpo.

Gabriela
http://semeiranembeira.blogs.sapo.pt/
Imagem Eduardo Poisl

terça-feira, 9 de junho de 2009


Esse amor é semente de raiz profunda
Tem vida no olhar, onde traz confiança.
É rio nascendo pra irrigar tua ternura
Se lança em teu chão, fertiliza a esperança.

Acreditando então, nesse rubro poente.
Viva esse amor tão saudável, e nutrido.
Que percorre límpido e livre tuas veias
Colha o viço palpável desses dias floridos

Esse amor que não pede juras eternas
Dócil, mas forte, que cresce entre espinho.
Transbordando a alma, irrigando o caminho.

Sazonado e frutífero, esse amor se rende.
Porque há tempos, no tear desse sentimento.
Acreditando bordou esse lindo “Pra sempre”.

Glória Salles
http://omarmencantacompletamente.blogspot.com/
Imagem Eduardo Poisl

segunda-feira, 8 de junho de 2009

AMOR


Amemos! quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu!
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança!
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minh’alma, meu coração...
Que noite! que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento,
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

ALVARES DE AZEVEDO

domingo, 7 de junho de 2009

À Beira de Água


Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração magoado.
(Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor.
Até o nosso,tão feito de privação.)
Estou onde sempre estive:
à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.

Eugénio de Andrade
Foto Lagoa da Conceição
Eduardo Poisl

sábado, 6 de junho de 2009

FELIZ ANIVERSARIO MÃE

Hoje minha mãe Dona Rosali esta de aniversario, então resolvi fazer uma pequena homenagem

MÂE
Tão sensível coração
E tão forte.
Mesmo a quilômetros de distancia que estamos
Lembro das tuas mãos macias,
E dos carinho que você fez quando eu mais precisava
lembro do teu rosto, as vezes triste,
Mais que nunca deixou de sorrir para mim,
Mãe Deus te deu o dom de ser filha,
O dom de ser esposa,
De ser mãe, de ser vovó,
E agora já é bisavó.
Mãe você que me ensinou a viver
Me ensinou a respeitar o próximo
E amar o próximo
Amar a todos.
MÃE EU TE AMO.

Eduardo Poisl

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Manhã cinzenta


Ai madrugada pálida e sombria
Em que deixei a casa dos meus pais...
E aquele adeus que a voz do mar trazia
Dum lenço branco, a acenar no cais...

O meu veleiro – era de espuma fria –
Levava-o o furor dos vendavais.
À passagem gritavam-me: onde vais ?
Mas só o meu veleiro respondia.

Cruzei o mar em direcções diferentes.
Por quantas terras fui, por quantas gentes,
Nesta longa viagem que não finda.

Só uma estrada resta – mais nenhuma:
Na ilha que o passado envolve em bruma,
Um lenço branco que me acena ainda...

(Natália Correia)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

AMOR


Amor, embala-me!
Dá-me teu colo, para repousar
meu corpo cansado de tanto lutar!
Ah! Amor, dá-me o sorrir da primavera
que está chegando...
A luz do Sol no meu coração,
as flores, como estrela guia,
debulhadas em botão.

A relva orvalhada, para pisar com meus pés cansados,
lutar por uma vida digna, contigo, Amor,
embalando os meus dias!
Mil quimeras d'alma sonhadas e revividas,
nas madrugadas frias e cinzentas !
Travesseiros recheados de carinho,
para abrigar minha cabeça,
povoada de sonhos.!..
Que eu os possa sonhar, acordar e tê-los,
pertinho de mim , para poder realizá-los!..
Esquecer o muito que sofri na ausência da madrugada,
de teu corpo sem o meu, para me dar a sagração eterna,
de um gozo só meu!

Assim, Amor,embala-me! Não me deixes perecer!
Dá-me de novo este colo que eu tecerei
estrelas de sonho, para ti e para mim
e nos teus braços, finalmente, adormecer!..

Eda Carneiro da Rocha

quarta-feira, 3 de junho de 2009

BRISA DO MAR


Passaste, não vi
te senti e não percebi.
O que era afinal?
Não sabia...
Não podia saber.
Senti o amor no ar,
querendo comigo falar
não ousou porém.
Pequenino se encolheu
menos que um botão
de rosas miudinhas
e me olhou novamente.
E senti de novo aquele arrepio.
Olhei e nada vi
nada senti.
Resolvi parar,
para poder entender
o que me acontecia.
Era ela de novo
amiga, benfazeja e amorosa
com todo o carinho para
simplesmente me dar...
Era a brisa do mar!

Eda Carneiro da Rocha

terça-feira, 2 de junho de 2009

SOU TEU


Madrugadas clamei
Um nome que pudesse
Dançar no topo
De minhas ambições.
Almejava um ombro
Para derramar
As frustrações de meu futuro.
Observava o silêncio
Em busca de uma atração
Para encontrar com meu prazer.
Caçava cada segundo
De minha felicidade
Tentando imaginar
Alguém para brindar.
Por todos os passados infames
Dessa história
Mal contada,
Asseguro com o sangue
Escorrido de meus olhos
Que perderia a ternura do luar
E o canto do sol
Só para deitar mais um minuto
Ao lado teu.

Renaro Cardozo

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O LENÇO DELA


Quando, a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos, contudo, já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!

ALVARES DE AZEVEDO