quinta-feira, 30 de abril de 2009


Quando já nada é intacto
quando tudo na vida vem em pedaços
e por dentro me rebenta um mar
quando a cidade alucina
num luar de néon e de neblina
e me esqueço de sonhar

Quando há qualquer coisa que nos sufoca
e os dias são iguais a outros dias
e por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo

Quando o sopro de uma jura
Faz balançar os dias
Quando os sonhos contaminam
Os medos e os cansaços
quando ainda me desarma
a tua companhia
e tudo o que a vida faz
Em mim

Quando o dia recomeça
e a noite ainda te prende nos seus braços
e por dentro te rebenta um mar

Quando a cidade te esconde
e o silêncio é o fundo das palavras
Que te esqueces de gritar

Mafalda Veiga

quarta-feira, 29 de abril de 2009

CHAMAS


Arte são os versos,
cabelos dourados de água
que caem despidos sobre a frágua,
onde a luz permanece.
Força é a arte que nasce
das mãos dum homem
que esbanja o seu sábio costume
de escrever versos e dar força á sua chama.
A chama que bem dentro de nós trazemos
e que sem duvidar acendemos
para dar uma resposta á vida.
Deixando a nossa alegria desenhada
no papel insípido e neutro
com cheiro a rosa perfumada.

Alfonso Hernández Torres – Espanha

terça-feira, 28 de abril de 2009


Direi aos pássaros que quedem
Seu esvoaçar
Ao mar que aconchegue as marés
Sobre o regaço da areia
Á noite que acenda
Nas pontas dos seus dedos
O brilho da emoção
Ás pedras que calem as passadas
Para que sinta o cetim da inspiração
Vestirei minha alma
De silêncios
Desfolharei cada palavra
Enquanto o vento encosta sua boca
Ao meu rosto
Deixando sobre este manto de azul
Tudo o que sinto
No tracejar deste espaço
Feito de migalhas da Alma.

E.Vieira

domingo, 26 de abril de 2009

SILÊNCIO


Há o silêncio das estradas
e o silêncio das estrelas
e um canto de ave, tão branco,
tão branco, que se diria
também ser puro silêncio.
Não vem mensagem do vento,
nem ressonâncias longínquas
de passos passando em vão.
Há um porto de águas paradas
e um barco tão solitário,
que se esqueceu de existir.
Há uma lembrança do mundo
mas tão distante e suspensa...

Há uma saudade da vida
porém tão perdida e vaga,
e há a espera, a infinita espera,
a espera quase presença
da mão de puro mistério
que tomará minha mão
e me levará sonhando
para além deste silêncio,
para além desta aflição.

Tasso da Silveira

sábado, 25 de abril de 2009

TINTO TANGO


O momento é rubro
Como o tinto
da boca carmim.

O sangue ferve
Como o vinho
que desce queimando
[em desejos]

O tango aquece
Como o calor
de lábios ávidos
de vinho
de beijos
de amor.

O tango gira
A cabeça quente
O vinho ferve
A boca rubra...

O peito explode
O pensamento alcança
O amor se jorra
na taça tinta
do teu olhar...
o vinho
o beijo
o tango...

O momento é carmim
A taça é de sangue
o vinho é loucura
O tango é desejo.
A boca rubra
A taça gira
O amor loucura
O vinho excita.

Bebo-te louca
beijo-te tinto
Sorvo-te tango
Amo-te boca
Vejo-me rubra.

LILIAN MAIAL

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Eterno Instante


Um poema novo
No jardim dos sentimentos
Feito o amigo vento
A tocar em mim

Traz-me a esperança
Que a alvorada dança
Neste mar de ondas
Que me faz sentir

Harmonia e tanto
A ouvir o canto
De você aqui

Este aqui por dentro
No bailar do tempo
Sobrepondo o fim...

Fernando Costa

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um barco chamado Sonho


A palavra mais exata,
O verso mais intenso,
O poema mais grandioso,
Ainda não foram sequer esboçados,
E para mal de todos,
Nunca serão publicados.

Tudo o que deve ser dito
Jaz no interior de cada um,
Pois tudo o que sai
Não corresponde ao querer,
Mesmo assim tentem, tentem
Fazer o que ninguém nunca fez.

Sonhem, é bom sonhar.
Agora não o façam eternamente,
Acordem, convém que o façam.
Só assim poderão construir
Os barcos que se atreverão a navegar.
Sozinhos, ou talvez não...

Sandro M. Gomes

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ALI


Ali sofreste. Ali amaste.
Ali é a pedra do teu lar.
Ali é o teu, bem teu lugar.
Ali a pedra onde jogaste
o que o destino te quis dar.

Ali ficou tua pegada
Impressa, firme, sobre o chão.
Ninguém a vê sob o montão
de cinza fria e poeirada?
Distingue-a, sim, teu coração.

Podem talvez o vento, a neve,
roubar a flor que tu criaste?
Ali sofreste. Ali amaste.
Ali sentiste a vida breve.
Ali sorriste. Ali choraste.

SAÚL DIAS
(1902-1983)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Amo o teu túmido candor de astro


A tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto

ANTONIO RAMOS ROSA Portugal.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ENTREGA


Dê-me sua mão nessa rua
nossos sonhos são tantos
que já nem sei seguir
por veleidades
por esta eternidade
de sentir só
oh! tenha dó
sou curumim da flor de anil
mil emoções a mil
darão vigor a nossa lida
ressurreição da vida
quando valer o pó
por favor
não vá fingir
sorriso de manhã
sou o carinho da areia
na entrega do mar
e até invadiu minhas veias
o fogo de amar
não vá fazer do desejo
agonia malsã
porque nossas mãos anunciam
o amor já está prá chegar
dê-me sua mão
as minhas são suas
e faça delas duas
a fonte que jamais secou
faça delas a alegria
da vitória e do vencedor
faça assim
no calor dos seus dias
e de noite
no feitiço do amor

LUIZ ALBERTO MACHADO

domingo, 19 de abril de 2009

DESEJO IMPOSSÍVEL


Procuro-te na paz da serrania,
debaixo do matagal agreste
escondida entre fendas de xisto.

Porque te amo, como amo a natureza,
não abandonarei a constante expectativa
de te ver surgir numa moita em flor.

Busco teu perfume de tojo,
como mangusto esfomeado,
como abelha buscando néctar.

Porque te quero, como quero a vida,
ofereço sem hesitar minha existência
com a promessa de te encontrar!

Perscruto tua mão de lírio frágil
como rã deslizando em nenúfar,
como o pássaro tecendo ninho!

Porque te recordo, como à terra mãe,
com um sentimento que me deixa entontecido:
mesmo sabendo que já partiste!

Rodolfo Miguel Begonha - Portugal

sábado, 18 de abril de 2009

SONETO


Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando,
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

ALVARES DE AZEVEDO

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Reamanhecendo


Acordo abraçada às lembranças...
Dádiva dos céus saber recordar...
Melhor ainda ter o que lembrar

Debruço-me em meu avesso
Tradução inquieta de sonhos
E me visto de momentos...

Reavivo as centelhas do sentir
Porque o vazio não mais existe
E me banqueteio do agora...

Descubro-me poesia enfeitada
Das amoras colhidas nas tardes
De primaveras perenes...

Reamanheci ...voltei à praia do meu mar
Onde deixei conchas preenchidas
Das areias molhadas do meu sal

Preencho-me do mel da ternura
E volto a adoçar-me de paz
A que só encontro na flor par.

Ivone Zouain Zuppo

quinta-feira, 16 de abril de 2009

PÔR-DO-SOL


Talvez no pôr do sol
Eu vou me encher de saudade
No imenso azul do céu
Os pássaros vão cantar
Uma canção de amor pra nós dois

Talvez no pôr do sol
Eu vou gritar o seu nome
Vou atender meu coração
Vou fazer uma declaração
Uma canção de amor pra nós dois

Onde estás, longe estás
Mesmo a distância beije minha alma
Deixe estar, onde estás
Mesmo tão longe beije minha alma

Talvez no pôr do sol
Vou rezar por nós dois
Meu pensamento vai fluir
O vento vai soprar
Uma canção de amor pra nós dois

Talvez no pôr do sol
Eu sinto a felicidade
Sobe as ondas do mar
Tentando revelar
Uma canção de amor pra nós dois

Carlos Pitty

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Dar Flores são beijos


Embalei a Primavera nos meus braços
Floriram lindas flores por todos os lados
Madressilvas e heras formaram grandes laços
E meus sentidos ficaram perfumados

Rosas amarelas olharam para mim
Vestidas de seda dançaram sorrindo
Papoilas alegres gargalharam sem fim
E meus braços aos poucos foram-se abrindo

Corri pelos campos com a Primavera
Colhi as flores que fui encontrando
Fiz lindos ramos cheios de quimera
E fui oferecer a quem estava chorando

Do encantamento que tive acordei
Se fosse real aquela grandeza
Dar flores são os beijos mais puros e sei
Que nesta vida haveria muito mais beleza


Autora: Maria do Céu Oliveira

terça-feira, 14 de abril de 2009

De amores imaginados


Quando eu entardecer,
não me clareies.
Quando eu anoitecer,
não me amanheças.
Se vires vou chover,
esconde o Sol.
Permite-me chorar em mi-bemol.
Quando eu calar a voz,
não me perscrutes.
Quando eu fechar os olhos,
não me cobres.
Quando eu não for mais jovem,
ah... a juventude...
Deixa-me aqui a querer decrepitude.
Quando, porém, o outono
me dê sinais
de que se vai partir
e o inverno vá
deixar-me logo a alma,
vem, corre, amor!
Esquece que houve, um dia, alguma dor.
Esquece a dor que afasta
todo acalanto;
escuta os passarinhos
que vêm trinar!
Vou-te esperar!
O amor em tudo espera,
e agora, ei-la de novo, a Primavera.

(João da Silva)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ETERNAS ONDAS


Era um mar acalmado e sempre soube
A brisa o fez amar por uma vez
Em palavras disse o que lhe coube
Os versos é quem o brindaram a tua tez
De cor tão branda...

Cantou o que encanta as horas todas
Enquanto a nau dos deuses velejava
Fez assim saber que ainda sonha
Ancorou no caís da madrugada
Lembrou que as ondas...

São fartas de você por toda vida
E neste ir e vir que nunca cessa
Nosso amor é o porto de partida
Que olhos dançam...

Fernando Costa

domingo, 12 de abril de 2009

SOBRE TUA PELE


Viajo pelo teu rosto , sobre tua pele
Sentido perfumes , resgatando sentidos
Como naufrago , vou em busca de todos sinais.
Farol profundo de sentimentos,
Luz que ascende e apaga desejos
Todo pudor deixado , parte distante de mim...
No teu corpo quero achar minha estrada ,
Sobre as pedras de teu oceano , gravar o amor
Escrever na areia que sois amada ,
Sereia encantada , Soberana do meu imenso mar..
De teus lagos misteriosos , quero refletir estrelas cadentes ,
Dos olhos molhados ,sonhos descobertos ,outra metade
Todo sorriso inconsciente, fonte pura e carente ,
Teu ser...
Enfim , quando o sol der as mãos ao horizonte
Quero poder em toda pele não deixar fronteiras ,
Pois sois a primeira, que empurra e retira ,
O fogo que arde sagrado dentro de nós ...
Se me perder no acaso , vou buscar-te infinito ,
Apaziguar meus medos , sono menino ,
Ter você nua ao meu lado , adormecendo nos braços
Sem me perder mais nos caminhos , novo céu alegria
Fel e carinho, alma em paz...

William José Carlos Marmonti

sábado, 11 de abril de 2009

AH! ESSE AMOR...


...ah! esse corpo indócil
que se esgueira em sonhos
e murmura um canto
tão pleno de encanto
que ninguém conhece...

...ah! Esse olhar que grita
e se denuncia
pois não há mais jeito
de afogar no peito
essa fantasia...

...ah! Essa boca quente
a queimar em febre
e sentir a fome
e chamar teu nome
sem adormecer...

...ah! Essa voz que pede
em palavras mudas
um abraço forte
pra livrar da morte
esse amor tamanho!

http://emmimumsonhoazul.blogspot.com/

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Deixa-me amar-te


Deixa-me amar-te em meus silêncios
Na calmaria do teu coração que me acolhe
E de onde se desprendem meus sonhos
Em vôos etéreos de plena liberdade

Deixa-me amar-te em minha solidão
Ainda que meus labirintos te confundam
E que teus fios generosos de compreensão
Emaranhem-se no tapete dos meus enigmas

Deixa-me amar-te sem qualquer explicação
Na ternura das tuas mãos que me sorriem
Escrevendo desejos em versos despidos
Na minha alva tez que te cobre e descobre

Deixa-me amar-te em meus segredos
Para que desvendes o que também desconheço
A alma dos meus abismos onde anoiteço
E meus olhos adormecem embalados pelo mistério

Deixa-me amar-te em tuas demoras, longas horas
Em que meu corpo se veste de céu à tua espera
E minhas mãos em frenesi acendem estrelas
Para alumiar-te, ainda que ausente estejas…

Fernanda Guimarães

quinta-feira, 9 de abril de 2009

AMOR


é sentir saudade quando não estás junto a mim
é o passeio longo em que nos damos sem falar
é alimentar a alma numa refeição partilhada a dois
é comover-me quando me sussurras palavras do coração
é sonhar-te quando ouço uma canção
é rezar com a Fé inabalável que te sinto
é a tua boca com sabor a mel entre os meus lábios
é entregar-me a ti incondicionalmente
é um chapéu-de-chuva para os dois
é pararmos o tempo no relógio
é procurar um lugar para escutar a tua voz
é o criar de um mundo entre nós dois
é mimares-me... tu
e compreender-te... eu
é um espaço em que não há lugar
para outra coisa que não seja amar...
é algo entre Tu... e eu.

http://alquimiademim.blogspot.com/

quarta-feira, 8 de abril de 2009

AMOR


Um dia quando a ternura
for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,
a tua pele será talvez
demasiado bela
e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,
sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.

José Luis Peixoto

terça-feira, 7 de abril de 2009

Soneto da Saudade


Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!
.
Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas...
E a te expressar que este amor em nós ungido
Suportará toda distância sem problemas...
.
Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve -
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.
.
Lembrar-te-ás toda a ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos...
Nem a distância apaga a chama da paixão.

Guimarães Rosa

segunda-feira, 6 de abril de 2009


Para que infinitos olharás tu?
Quem verás para além do vento que te ondula os cabelos?
Que marés amanhecerão no azul do teu olhar?
Para onde te leva a brisa dessas águas,
que cheiros, que vontades…
Porque não estou eu debruçado nessa janela
ao teu lado recordando a saudade
de um futuro mergulhado em ilusões?
Um barco ao longe, do outro lado junto à costa,
sou eu que chamo por ti.
Soltei amarras,
icei as velas ao vento, ajustei o leme.
Vem…

http://oarcodavelha.blogsome.com/

domingo, 5 de abril de 2009

A ESPERA


Tu, que hás de vir um dia,
por que não hoje?
meu rosto espera pronto
os dentes do teu arado.

Tu, que hás de vir um dia,
por que não hoje?
minhas mãos assistiram,
quais raízes,
a morte azul
das flores e dos ventos.

Tu, que hás de vir um dia,
por que não hoje?
antes que alguém
vibre na noite
gemidos de Chopin,
vem.

Tu, que hás de vir um dia,
o céu de maio é doloroso e belo,
as flores começam a morrer.

Vem, antes que o Scherzo
da agonia vibre
o amaríssimo clamor
dos seus acordes
e eu queira vida.

Tu, que hás de vir um dia,
por que não hoje?

É maio,
é belo o dia.

sábado, 4 de abril de 2009

Tempo fluvial


Se eu definisse o tempo como um rio,
a comparação levar-me-ia a tirar-te
de dentro da sua água, e a inventar-te
uma casa. Poria uma escada encostada
à parede, e sentar-te-ias num dos seus
degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia:
«Não te apresses: também a água deste
rio é vagarosa, como o tempo que os
teus dedos suspendem, antes de virar
cada página.» Passam as nuvens no céu;
nascem e morrem as flores do campo;
partem e regressam as aves; e tu lês
o livro, como se o tempo tivesse parado,
e o rio não corresse pelos teus olhos.

Nuno Júdice

sexta-feira, 3 de abril de 2009


És como o ente da noite
que na mistura de neblina e lua
sorves as paixões frias da rua
És como areia pronto
para ser levado por sopro alheio
ou pela insanidade ensimesmada de teus devaneios
És como nuvens brancas ídas
que se mesclaram a céus vermelhos
no entardecer da vida
És como água de fonte se esvaindo pura
roçando pedras soltas
escorregando livre sob pontes nuas
És vulto solitário que se extasia
na silenciosa madrugada fadada
a não ser noite…a não ser dia…
ao nascer…noite
ao morrer … dia.

vera stockler

quinta-feira, 2 de abril de 2009

BRISA DO MAR


Passaste, não vi
te senti e não percebi.
O que era afinal?
Não sabia...
Não podia saber.
Senti o amor no ar,
querendo comigo falar
não ousou porém.
Pequenino se encolheu
menos que um botão
de rosas miudinhas
e me olhou novamente.
E senti de novo aquele arrepio.
Olhei e nada vi
nada senti.
Resolvi parar,
para poder entender
o que me acontecia.
Era ela de novo
amiga, benfazeja e amorosa
com todo o carinho para
simplesmente me dar...
Era a brisa do mar!

Eda Carneiro da Rocha

FLORES- FADAS


Ah! As flores-fadas
Florescem...
Os lírios parecem estrelinhas
Nascendo no chão do céu, entorpecem.
Brota lindas fadas madrinhas.

Todas as rosas lindas e vermelhas
Se desse brotava no coração
Flores! E fadas Que bom vê-las
Essência da paixão.

Açucena flor em botão
Lindo como o perdão
Embelezam a luz da manhã
Lindas flores-fadas de romã.

Ah! As Flores-fadas
Inigualável perfume de cores encantadas
Incontrolável frasco de saudades
Embalos cheios de magias e vontades.


Anna Lucia Tavares

quarta-feira, 1 de abril de 2009

De repente


De repente
Tudo pinta
Uma loucura natural
Um tipo de sonho
que não acaba
Um tipo de frio
que não pede agasalho
De repente
o corpo balança
as mãos tremem
e o coração acelera
de repente e
nem tão de repente
solto sem querer
palavras que soam
como badaladas
de um sino
de repente
te amo
e de repente
sou teu.

Arthur