segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O SONETO QUE SÓ ERRADO FICOU CERTO



"Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.

Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.

Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.

Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva."

José Gomes Ferreira

2 comentários:

☆Fanny☆ disse...

Há amores que morrem. Mas mais doloroso que perder um amor, é perder uma amizade.

Beijinhos*

José Carlos Brandão disse...

O soneto é muito bom, por isso está certo. Quem acerta na poesia, para que acertar na métrica? O poeta que é poeta sabe o que escreve.

Uma ótima semana.