segunda-feira, 22 de junho de 2009

O LENÇO DELA


Quando, a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos, contudo, já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!

ALVARES DE AZEVEDO
Imagens Eduardo Poisl

5 comentários:

Cris disse...

Oi, Eduardo,

A amada carinhosa, cheia de pranto.
Bonito, Edu, como sempre, intenso.

Boa semana.

José Carlos Brandão disse...

Eu já gostei muito de Álvares de Azevedo, poeta que fingia a dor - e a dor é sempre real.
Abraços.

Menina do Rio disse...

Esse poema dói na alma! Nostágico.
Grande Álvares de Azevedo!

beijos pra ti

Iana disse...

Caro amigo...

Seus textos são sempre tão lindos,
tão puros, tão cheios de emoção, ternura e paixão...

Caro, amigo ler-te é bom demais!

Um grande abraço
beijos da rosa amiga
Iana!!!

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Sua poesia deixou minha alma tocada!
Poeta....as vezes dói.
Descobri você, amo poesia e a tardimnha gosto de degustar com carinho.
Um abraço