sexta-feira, 10 de julho de 2009

CECÍLIA MEIRELES


1º Poema: Leveza

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.

Cecília Meireles

2º Poema: Serenata

Dize-me tu, montanha dura,
onde nenhum rebanho passe,
de que lado na terra escura
brilha o nácar de sua face.

Dize-me tu, palmeira fina,
onde nenhum pássaro canta,
em que caverna submarina
seu silêncio em corais descansa.

Dize-me tu, ó céu deserto,
dize-me tu se é muito tarde,
se a vida é longe e a dor é perto
e tudo é feito de acabar-se!

Cecília Meireles
http://ceciliameireles2009.blogspot.com/
Fotos Eduardo Poisl

quinta-feira, 9 de julho de 2009

LYA LUFT


Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos meus olhos mais promessas..
Não acredites neste breve sono;
Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios em meus lábios para ouvir.
Nem acredites se pensas que te falo:
Palavras
São o meu jeito mais secreto de calar.

Lya Luft

Convite

Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Lia Luft
Imagens Eduardo Poisl
Itapema SC

quarta-feira, 8 de julho de 2009

É só um poema... E Anoitece


1ºPoema É só um poema...

Não tenhas medo, ouve:
É um poema.
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga

2º Poema Anoitece

Anoitece no tempo
mas os sonhos permanecem:
azuis,
silenciosos,
necessários.
E a cada respirar dos
relógios,
lembro de emoções
que não podem ser apagadas,
fortes companhias
para não esquecer
do frasco de estrelas
que mora dentro de nós.

Wilmar José Matter
Imagens Eduardo Poisl

terça-feira, 7 de julho de 2009

MOTIVO - TOSSAN


Eu queria ser
demasiadamente
o motivo principal
da tua alegria
contagiante,
do teu sorriso largo
e do teu olhar falante.
Diligenciar-me firme
na tua missão,
nos teus segredos,
nos sentidos...
Trocar carícias
contigo até o amanhecer
e esperar o entardecer
na relva do teu jardim
e levar-te suavemente
para o teu leito!

Poema e fotos de TOSSAN
http://klictossan.blogspot.com/

segunda-feira, 6 de julho de 2009

TEUS OLHOS E DANÇA


1º Poema TEUS OLHOS

No ninho que é o teu corpo,
Encontro a vontade de querer estar
No teu olhar procuro as respostas,
Que os meus olhos questionam
E que os teus tentam esconder

Nos teus lábios tensos,
Guardo a suavidade dos meus
Ansiosos por tocá-los,
Tal pétalas de uma flor exótica

Nas tuas mãos quentes,
Surpreendidas de um toque,
Seguro a ternura e o desejo
De quem quer bem

Levanto o meu olhar,
Deito-o no teu…
Aguardando serenamente,
O momento....
Que se segue!

http://cantosredondos.blogs.sapo.pt/19637.html

2º Poema DANÇA

E eis que a vez da nossa dança chega,
nesta noite de todas as noites
peguei em teus braços e corpo e rodopiei,
os sentimentos á flor da pele
neste aconchego que são os nossos corpos,
atraindo todas as melodias da sala,
rodopiamos em passos arrepiantes,
passos arrojados e destemidos
de tão cadenciados que não entendo


Sfsousa/olharomar
http://rosadesangue.blogspot.com/

domingo, 5 de julho de 2009

Dois Poemas


1º Poema Sonhos de uma rocha

Muito quero dizer
Não pretendo esconder
Mas muito do que sinto,
com a clareza nos olhos,
não posso revelar.
Procuro subentender,
meu coração em versos
Deixar sinais em pedras,
para que o tempo os decifre
Para um leitor que entenda de imediato
Para outro também,
que talvez nunca entenda,...
Meus sonhos de ser uma rocha.

Daniel Affonso

2º Poema No meio das palavra

Quando, nos lábios, começa um continente,
suspenso no apelo líquido dos beijos,
há um barco que cresce nos meus olhos
e, entre búzios verdes, escrevo água.
Nunca a brisa se demora entre as dunas,
onde os barcos navegam sobre a espuma.
Tudo é secreto, se maio se repete
nas marcas da pureza recusada.
Um rosto ou um rio me fascinam,
quando a raiva e o sossego
me revelam a nascente
e, no meio das palavras,
procuro apenas um gesto
ou uma sombra.

Luciana Abait
Imagens Eduardo Poisl

sábado, 4 de julho de 2009

POEMAS


1º Poema AMOR...
um sussuro suave e perfumado,
percorreu minha sala,
bateu contra a minha janela...
nas asas de uma borboleta azul;
Estava escrito: eu te amo...
E uma lágrima rolou na minha
face, e,
se sublimou num cristal
que eu guardei,
dentro do meu coração...

[Claudio Conde Capitani]

2º poema QUISERA

Quisera que me ouvisses
Não esta minha voz
Nem qualquer palavra
as a que me toma os lábios
Quando apenas teu nome pronuncio
Em teus olhos distantes de mim
Sons de violino em meu corp
Dedilham esta saudade
Em caminhos tão conhecidos
Pelos passos das tuas mãos

Fernanda Guimarães
Imagens Eduardo Poisl

sexta-feira, 3 de julho de 2009


1º Poema ENTRE NÓS

Do teu sorriso faço estrelas
No espaço entre nossos olhos.
Das estrelas fazemos um beijo
Entre o espaço de nossos lábios.
Dos teus beijos faço um afago
Entre o espaço de nossos toques.
Dos afagos fazemos amor
No espaço entre nossos corpos.

Geraldo Crivelatti

2º Poema TU

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda
Imagens Eduardo Poisl
Joaquina Florianopolis SC

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ESTA SAUDADE ÉS TU


"Esta saudade és tu.. . E é toda feita
de ti, dos teus cabelos, dos teus olhos
que permanecem como estrelas vagas:
dois anseios de amor, coagulados.

Esta saudade és tu ... É esse teu jeito
de pomba mansa nos meus braços quieta;
é a tua voz tecida de silêncio
nas palavras de amor que ainda sussurram.

Esta saudade são teus seios brancos;
tuas carícias que ainda estão comigo
deixando insones todos os sentidos.

Esta saudade és tu ... É a tua falta
viva, em meu corpo, na minha alma, viva,...
enquanto eu morro no meu pensamento."

J.G. de Araújo Jorge
Imagens Eduardo Poisl

TRADUÇÃO


Angie, quando aquelas nuvens todas desaparecerão?
Angie, para onde isso vai nos conduzir a partir daqui?
Com nenhum amor em nossas almas
e nenhum dinheiro em nossos casacos,
Você não pode dizer que estamos satisfeitos.
Mas Angie, você não pode dizer que nunca tentamos.
Angie, você é linda, mas não é o momento que dissemos adeus?
Angie, eu ainda te amo,
lembra-se de todas aquelas noites que choramos?
Todos os sonhos que seguramos tão firmemente pareceram
Evaporar-se na fumaça.
Deixe-me sussurrar em seu ouvido:
Angie, Angie, para onde isso vai nos conduzir a partir daqui?

Angie, não chore, todos seus beijos ainda têm gosto doce,
Eu odeio essa tristeza em seus olhos.
Mas, Angie, não é o momento que dissemos adeus?

Com nenhum amor em nossas almas
e nenhum dinheiro em nossos casacos,
Você não pode dizer que estamos satisfeitos.
Mas, Angie, eu ainda te amo, baby,
Em todo lugar que procuro, vejo seus olhos,
Não existe uma mulher que chegue perto de você.
Vamos, baby, enxugue seus olhos,
Mas, Angie, Angie, não é bom estar viva?
Angie, Angie, eles não podem dizer que nunca tentamos...

Tradução de Angie
Rolling Stones
Imagens Eduardo Poisl

quarta-feira, 1 de julho de 2009


Saudades tuas,
Das palavras que me dizes,
Da alegria que me trazes,
Do bem que me fazes
Estou com saudades tuas,
Do teu beijo molhado,
Do teu corpo suado,
Pelo amor retratado
Estou com muitas saudades tuas,
Do meu corpo no teu,
Do teu beijo no meu,
Do amor mais sincero,
Que só tu me deste e que continuas a dar
Estou morrendo de saudades,
Meus olhos brilham,Meus lábios secam,
Meus pensamentos perdem-se,
Num pacto de Amor,
Que a minha vida fez contigo.

my_feelings.blogs.sapo.

Busca, vagamente garimpeiro
Nas pedras do mar, as ostras,
E nelas o que ainda seja pérola,
Nela o que ainda seja alegria
No imenso oceano de naufrágios.
Porém, não mergulhes profundo.
Não alimentes mágoa na sombra.
Estar na escuridão não é fuga...
Se a luz tocar o rosto, as mãos
O rosto, as mãos serão luzes e
Emergirão clarão amanhecente.

Antonio Miranda Fernandes
Imagens Eduardo Poisl

terça-feira, 30 de junho de 2009

SE UM DIA...



Se um dia te der uma louca vontade
de chorar, me chama,
Não te prometo fazer sorrir,
mas posso chorar com você.
Se um dia resolver fugir;
não se esqueça de me chamar,
Não te prometo convencer de ficar,
mas posso fugir contigo.
Se um dia te der uma louca vontade
de não falar com ninguém;
Me chama assim mesmo;
Prometo ficar bem quietinha(o).
Mas... se um dia você me chamar
e eu não ouvir ...
Vem correndo ao meu encontro...
Talvez eu esteja precisando de você...

(autor desconhecido)
Imagens Eduardo Poisl
Lagoa da Conceição SC

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dualidade


Somos quem somos?
Esta dualidade que me permeia confunde.
Difunde, margeia, semeia caos, candeia
Sem luz, não conduz, contunde, mareia.

Fomos quem somos?
Tempo, areia me enterra ou aterra,
me apoia ou me prende,
me tolhe ou distende,
me cala ou me berra.

Calor e frio, vazio, completo
carente, repleto, sonhador, concreto.
Dualidade, maldade, fiel sem balança,
andança, estaguinação, mansidão, pujança.

Metade de mim arde, a outra congela.
Metade de mim é vida, a outra mazela.
Metade de mim irrompe, a outra afunda.
Metade de mim é glória, a outra imunda.

Seremos quem fomos?
Somos quem somos?
Dualidade, perversidade ou caridade?
Torvelinho, remanso, ação ou descanso.

Não sei! Se alguém sabe me conte.
Mas conte de manso

Jorge Amado
Imagens Eduardo Poisl

domingo, 28 de junho de 2009

SAUDADES


"Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias
que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas
diante de uma música,
não saber como vencer a dor de
um silêncio que nada preenche."

Martha Medeiros

No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
Tão nítido e preciso era o vazio.

Sophia de Mello
Imagens Eduardo Poisl

sábado, 27 de junho de 2009

SOLIDÃO


O que não aconteceu foi
rápido, fiquei para sempre,
sem saber, sem que me soubessem,
como debaixo de um sofá,
como perdido pela noite:
assim foi aquilo que não foi,
e assim eu fiquei para sempre.
.
Aos astros perguntei depois,
para as mulheres, para os homens,
o que faziam com tanta razão
e como aprenderam a vida:
na realidade não falaram,
seguiram dançando e vivendo.
.
O que não passou com alguém
é que determina o silêncio,
e não quero seguir falando
porque eu fiquei ali esperando:
nessa região, naquele dia
não sei o que me aconteceu
porém eu não sou mais o mesmo.
.
PABLO NERUDA
Imagens Eduardo Poisl

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Passarinhando (iou Quintaneando)


O tempo é escasso e as horas são vazias
há tanto o que fazer...e o tempo passa
O tempo é escasso e as horas são vazias

As areias da ampulheta escorrem aos olhos

O tudo se amontoa...e o tempo voa
nas horas vazias o nada me impregna
O tempo é escasso e as horas são vazias

Os ponteiros do relógio nunca param

Há tanto o que fazer...e o tempo passa
Sinto-me cheia, plena, abarrotada...do nada
O tempo é escasso...mas as horas...
as horas são tão vazias!

A vida urge, o mundo urge, o amor urge!

Tanto, tanto a fazer...e o tempo...passa...
E as horas são vazias...e o tempo é escasso...
e a areia escorre...e o nada se amontoa
e eu me sinto cheia...de tudo e de nada!

Mas a vida urge...
E o tempo voa...
E o nada, e o tudo, e as horas

Passam!

Eu...passarinho!

Moniquinha San
Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1065327
Imagens Eduardo Poisl

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Jorge Guimarães


Pintei um jardim, escondi-me lá dentro,
pintei uma casa, tapei-a com hera,
o fumo pintei sumido no vento,
pintei-me a mim mesmo a dormir sobre a erva.
Pintei as flores da cor do solfejo,
da cor do desejo pintei a mulher,
da cor da mulher pintei o que vejo,
a mim mesmo pintei-me da cor do meu ser.
Pintei o azul da cor dos meus olhos,
Pintei os meus olhos cobertos de névoa,
A névoa pintei da cor dos meus sonhos,
Pintei-me a mim mesmo deitado na terra.
O frio pintei da cor dum menino,
a chuva a cair com um som de piano,
pintei um sorriso de branco de lírio
a mim próprio pintei-me de costas na cama.
Pintei minha mãe da cor da alvorada,
minha terra pintei com as cores do que digo,
ao silêncio pintei-o com o gosto da água,
a mim mesmo pintei-me a sonhar de castigo.
Pintei os meus dedos de cor borboleta,
pintei os meus passos de cor solidão,
minha vida pintei com as cores da paleta,
a mim própria pintei-me estendido no chão.

Jorge Guimarães
Imagens EduardoPoisl
Itapema SC

quarta-feira, 24 de junho de 2009

POEMA DA SÔNIA


Senta-te ao lado do meu silêncio.
Não me abraça agora, mas
Escuta as ondas e o meu silêncio...

Senta-te comigo,
Sente o cheiro da maresia e olha
Mar e céu fundidos nesse intenso azul.
Deixe que eu respire o perfume do mar
Pressentindo o calor da tua pele
Sem ainda te tocar...

Deixa que eu perceba o bater do teu coração
Misturando-se ao vai e vem das ondas...
Deixa-me voar em pensamentos
Sem tirar os olhos do mar,
Espera o vento cálido chegar
Para então dizer que me ama...

Ate lá me deixa ficar só assim,
Sentindo a tua presença e o mar
Depois falaremos de amor e mais nada....

Sônia Schmorantz
http://schsonia.blogspot.com/
Imagens Eduardo Poisl

terça-feira, 23 de junho de 2009

CORPO POÉTICO


Sinto as noites despidas de ti
num chafariz de estrelas cadentes
Nas chamas dos teus lábios
em galáxias de desejos

Afogo o meu sangue em doçura
ao sabor do teu corpo
onde navego em pétalas e versos
num corpo poético que és tu
Fecundo cada palavra no desejo
em teu olhar na noite solitaria
Em notas musicais
versos soltos
Nas palavras escondidas
num abraço onde embalo
o meu cansaço

A tua pele
é a musica onde mergulho os meus dedos
O teu rosto:
as palavras que escreves
O teu corpo
que amo em cada verso em silencio
na minha alma despida de olhares

Sinto o teu coração de seda
na saudade que me oprime a memoria
Rasgo o peito
fecundo o teu olhar perdido no tempo de ti

O meu encanto na palavra feita
por ti, em silêncios
onde madrugadas acontecem
gritadas em desertos de sonhos
onde borbulham desejos
de manhas despertas

beijo azul@
http://beijo-azul.blogspot.com/
Imagens Eduardo Poisl

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O LENÇO DELA


Quando, a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.
Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.
Quantos anos, contudo, já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...
Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!

ALVARES DE AZEVEDO
Imagens Eduardo Poisl